Título: Irã aceita visita da AIEA à central atômica de Arak
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2007, Internacional, p. A20

Teerã compromete-se a responder questões sobre suas atividades nucleares e as mais de duas décadas em que seu programa esteve oculto

O Irã concordou em responder várias questões sobre suas experiências com plutônio e permitirá que inspetores da ONU visitem ainda este mês a instalação nuclear que está sendo construída em Arak, anunciou ontem a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Teerã também concordou com a adoção de salvaguardas na central de enriquecimento de urânio de Natanz, disse a agência.

O acordo foi obtido quinta-feira, durante encontro em Teerã entre funcionários iranianos e uma delegação da AIEA. A agência considerou o acordo como um primeiro passo para resolver várias questões sobre o programa nuclear.

A decisão de Teerã de cooperar com a agência da ONU pode debilitar a pressão dos EUA e de seus aliados para que o Conselho de Segurança das Nações Unidas imponha novas sanções contra a república islâmica por não cumprir a exigência de suspender as atividades de enriquecimento de urânio em Natanz, onde já instalou mais de 1.300 centrífugas.

A negativa de Teerã em cooperar com a AIEA, impedindo-a de verificar sua afirmação de que não tem um programa de armas nucleares, levou à imposição de uma série de sanções no ano passado. O Irã garante que busca apenas suprir sua necessidade de energia e não está tentando fabricar uma bomba. Apesar de ser o quarto maior exportador de petróleo, o Irã tem pouca capacidade de refino e começou a racionar gasolina no mês passado.

O diretor da AIEA, Mohamed ElBaradei, declarou na segunda-feira que o Irã havia reduzido suas atividades de enriquecimento de urânio, o que sugeria sua disposição em retomar as negociações internacionais. Até o fim do mês, os inspetores da AIEA visitarão o reator de água pesada de Arak, que tem sido motivo de disputa entre o Irã e o Ocidente. Esse tipo de reator produz plutônio - que, como o urânio enriquecido, pode ser usado em armas nucleares. Sob o acordo, a AIEA e o Irã discutirão formas para supervisionar as atividades de enriquecimento de urânio e Teerã esclarecerá o que ocorreu durante as mais de duas décadas em que suas atividades nucleares permaneceram ocultas.