Título: Mantega nega alta de IOF para capital externo
Autor: Fernandes, Adriana e Graner, Fábio
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2007, Economia, p. B8

Medida teria o objetivo de inibir a entrada de dinheiro especulativo.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que é falsa a informação de que o governo tenha decidido elevar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre o ingresso de capital externo no país para investimento de curto prazo. 'Não há nenhum estudo nesse sentido. A informação é falsa', rebateu ele, categoricamente, antes de deixar o ministério no início da noite para participar de uma reunião no Palácio do Planalto.

O noticiário de fim de semana relacionava a informação de que o governo estuda o aumento do IOF como forma de inibir o ingresso de capital especulativo no país. Ao mesmo tempo, afirmava que Mantega é contra a proposta do governador de São Paulo, José Serra, para eliminar a isenção do Imposto de Renda na compra de títulos públicos por parte de investidores estrangeiros.

A crescente valorização do real frente ao dólar, no entanto, preocupa o governo que está disposto, sim, a adotar medidas necessárias 'se houver abusos', como admitiu Mantega semana passada, após encontro com parlamentares da Comissão de Finanças, na Câmara. O forte movimento de ingresso de capital de curto prazo tem estimulado os estudos e resultado em medidas pontuais, adotadas pelo Banco Central - nenhuma de potencial tão intervencionista quanto o aumento da taxação do capital de curto prazo. Trata-se de uma preocupação do governo porque, quanto mais dólares ingressam no país, mais se acentua a tendência de valorização do real ante o dólar. Ontem, o mercado fechou com o dólar cotado a R$ 1,8710, depois de mais um leilão de compra da moeda estrangeira pelo BC..

Embora, de fato, ainda não haja uma decisão final sobre a maneira de enfrentar o aumento na especulação com o real - que foi muito forte em abril e maio e, em menor escala, em junho -, o tema sempre volta à tona no governo e na Fazenda. Medidas que contenham a entrada de capitais agradam a quadros importantes do PT. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), por exemplo, historicamente tem defendido a taxação na entrada do capital estrangeiro, como ocorreu no Chile. A elevação do IOF, descartada por Mantega, iria nessa direção.

Apesar da simpatia pela medida, pesa na equipe econômica o medo de, em um momento de bonança econômica, provocar turbulências desnecessárias. Uma medida como essa, por exemplo, poderia simplesmente jogar um balde de água fria na expansão dos investimentos em Bolsa, segundo analistas. A Bovespa que, no início do ano teve um fechamento recorde de 45.382 pontos, já está atingindo a marca de 57 mil pontos.