Título: Mantega cobra transparência em eleição do FMI
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2007, Economia, p. B10

Ministro defende que todos os países possam ter candidato

Um dia depois de atender ao pedido dos Estados Unidos para que o Brasil se juntasse aos países que pressionam a China a flexibilizar sua taxa de câmbio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, cobrou publicamente, ontem, mudanças na forma de escolha do novo diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em comunicado divulgado pelo Ministério da Fazenda, Mantega pediu que o substituto do espanhol Rodrigo de Rato na direção do Fundo seja escolhido com base em processo aberto e transparente, sem restrições a candidaturas em razão da nacionalidade do candidato.

Rato já anunciou que deixará o cargo em outubro e, pela tradição, o posto máximo do FMI é ocupado por um europeu, enquanto o do Banco Mundial (Bird) fica com um americano. A União Européia já lançou a candidatura do ex-ministro socialista da França Dominique Strauss-Kahn.

No comunicado, Mantega classifica o modelo atual de escolha de ¿pacto anacrônico de poder¿ que não tem mais respaldo na realidade contemporânea. Ele defendeu uma ampla participação de todos os países membros do Fundo na escolha do novo dirigente.

¿Em prol da modernização e democratização dos mecanismos de governança no âmbito das instituições financeiras multilaterais, faz-se necessário superar pactos anacrônicos de partilha de poder¿, afirma o ministro.

Para Mantega, seria lamentável que o processo de reformas em curso no FMI não tocasse diretamente o tema da seleção dos dirigentes máximos do órgão.

¿A seleção dos altos dirigentes do FMI e do Banco Mundial deve ser baseada no mérito¿, diz Mantega no comunicado. O ministro afirma que a permanência do atual sistema de escolha comprometeria o processo de reforma e de resgate da legitimidade, representatividade e eficácia da instituição.

A escolha do novo dirigente do FMI foi tema de encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, que esteve no País esta semana. No encontro, que ocorreu quarta-feira, no Palácio do Planalto, Mantega pediu apoio dos Estados Unidos para a reforma do FMI e ouviu de Paulson o pedido para que o governo brasileiro lutasse nos fóruns internacionais para que a China flexibilize a taxa de câmbio. Na quinta-feira, Mantega anunciou, durante audiência na Câmara dos Deputados, a decisão do Brasil de ser mais atuante com a China.