Título: Redecard bate recorde na Bolsa
Autor: Ragazzi, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2007, Economia, p. B15

Ações sobem 24% na estréia na Bolsa e movimentam R$ 1,6 bi, o maior volume de negócios já registrado por uma novata

A abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da Redecard está batendo um recorde depois do outro na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Ontem, as ações foram negociadas pela primeira vez no pregão. Foram fechados R$ 1,668 bilhão em negócios com os papéis da empresa, mais do qualquer companhia novata girou em apenas um dia. Logo na estréia, as ações da Redecard subiram 24%.

No dia anterior, a empresa já havia batido outro recorde, ao anunciar que havia obtido R$ 4,07 bilhões com a oferta inicial de suas ações. Trata-se do maior IPO da história, mais que o dobro que o recorde anterior, do frigorífico Friboi, que saiu por R$ 1,6 bilhão, em março. A procura por ações da Redecard foi dez vezes maior que a oferta.

Segundo analistas financeiros, uma das principais explicações para o sucesso da operação é o tamanho da empresa. Os especialistas destacam que grandes investidores têm dificuldade em participar de IPOs de empresas menores. Ao ser feito o rateio entre investidores, eles ficam com uma participação pequena de ações em relação ao tamanho do fundo de investimentos que representam. Não valeria à pena, dizem eles, gastar muita energia para analisar ofertas pequenas.

Outra explicação é que a Redecard está abrindo um novo mercado na Bolsa de São Paulo. A Redecard é especializada em processar compras realizadas com cartões e é a única credenciadora no Brasil das bandeiras Mastercard e Diners. Hoje, só existe outra empresa de cartões de crédito listada na Bolsa de Valores, a American Bank Note, mas seu foco de negócios é diferente da Redecard.

As empresas de cartão de crédito também está num bom momento no Brasil. Há uma expansão de crédito para consumo e um aumento no uso dos cartões de crédito como forma de pagamento, principalmente pela população de baixa renda. O crescimento da economia deve favorecer ainda mais os negócios.

A Redecard usará os recursos captados na oferta para investimentos em sua estrutura tecnológica. Do total da operação, apenas 10% ou cerca de R$ 400 milhões, irão para o caixa da empresa. Os R$ 3,6 bilhões restantes irão para os acionistas vendedores, Unibanco, Itaucard e Citibank.

¿O IPO abre novas possibilidades de crescimento e expansão para a empresa¿, disse o diretor-presidente da Redecard, Anastácio Ramos, ontem, em discurso durante o lançamento das ações na Bovespa.

VISANET

A histórica abertura de capital da Redecard fez com que investidores refizessem os cálculos para a avaliação dos papéis de bancos listados na Bovespa e provocou uma alta no preço das ações nos dois últimos dias.

No mercado financeiro, especula-se que o sucesso da Redecard possa influenciar a abertura de capital também da Visanet, que pertence ao Bradesco e ao Banco do Brasil. Operadores do mercado financeiro tentam fazer contas para reavaliar o valor da empresa da bandeira Visa para os bancos. Os especialistas dizem que a Visanet tem um volume de operações 25% superior ao da Redecard. E, portanto, pode movimentar ainda mais dinheiro do que o IPO recorde da concorrente.