Título: Ao rejeitar um recurso apresentado pelo Banco Central (BC) contra uma decisão do Superior Tribunal de Justiça que não autorizou a quebra do sigilo ban
Autor: Costa, Rosa e Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2007, Nacional, p. A4

Romeu Tuma decide solicitar todos os documentos da JR Radiodifusão para o Ministério das Comunicações

O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse ontem que vai pedir ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, todos os documentos da empresa JR Radiodifusão, suspeita de pertencer ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Após uma série de alterações contratuais, a emissora está hoje registrada em nome de José Renan Calheiros Filho e Ildefonso Antonio Tito Uchôa Lopes - os sócios são filho e primo do senador.

Além da JR, Renan Filho e Tito Uchôa constam como sócios do Sistema Costa Dourada, que inclui uma rádio, afiliada da CBN FM de Maceió. O grupo está montando, ainda, outra emissora de rádio, na cidade de Matriz de Camaragibe, também em Alagoas.

De acordo com a revista Veja, que revelou no fim de semana passado a nova denúncia contra o senador, nos registros do Ministério das Comunicações a JR continua em nome de antigos sócios - José Carlos Pacheco Paes, indicado pelo ex-deputado João Lyra, e Carlos Ricardo Nascimento Santa Rita.

Tuma comentou ontem que, nos documentos enviados pelo ministério para a renovação da concessão da JR, o nome de Renan realmente não aparece como proprietário. ¿Precisamos analisar se depois houve a mudança na sociedade¿, disse.

Nesse cenário, o DEM e o PSDB apresentaram nesta semana nova representação à Mesa Diretora do Senado. Cobram a apuração da denúncia de que o presidente do Senado Renan teria usado laranjas para comprar emissoras de rádio.

Hoje, Renan já responde a um processo no Conselho de Ética, por suspeita de ter contas pessoais pagas por Cláudio Gontijo, lobista da construtora Mendes Júnior. A pensão de uma filha fora do casamento e o aluguel da mãe da criança, a jornalista Mônica Veloso, seriam custeados pelo amigo.

Além disso, o senador tornou-se alvo de mais uma representação, acatada nesta semana, na qual é acusado de interferir no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e na Receita Federal para beneficiar a Schincariol. A empresa teria comprado uma fábrica do clã Calheiros em Alagoas com sobrepreço de mais de 500%.

DECISÃO

Na terça-feira, a Mesa deve encaminhar a denúncia do DEM e do PSDB ao Conselho de Ética. O presidente do colegiado, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), adiou para segunda-feira a divulgação do nome dos relatores das duas representações - do suposto uso de laranjas na compra das rádios e do caso Schincariol.

Enquanto isso, como Renan nega todas as acusações e não abre mão da presidência do Senado, a oposição insiste em obstruir as votações. A intenção foi confirmada ontem pelo presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

O tucano considera prudente o afastamento do senador até a conclusão de todas as investigações envolvendo o seu nome. Para Tasso, a insistência do peemedebista ¿é ruim para a instituição, porque tira a credibilidade do Senado¿.