Título: Outra emissora de oposição acusa Chávez de assédio
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2007, Internacional, p. A12
Em carta formal, Globovisión denuncia estratégias do do governo venezuelano para `calar a imprensa livre¿.
O canal de noticias venezuelano Globovisión, de oposição ao líder Hugo Chávez, enviou ontem uma carta ao vice-presidente do país, Jorge Rodríguez, na qual denunciou pressões por parte do governo, como processos judiciais e administrativos, e barreiras legais que lhe impedem ampliar sua cobertura.
¿O governo decidiu pressionar a Globovisión negando a ela a possibilidade de aumentar a abrangência de cobertura, enquanto fornece freqüências e permissões para os meios oficiais ou oficialistas¿, diz o documento, assinado pelo presidente da Globovisión, Guillermo Zuluaga, e publicada por jornais venezuelanos.
Depois do fim das transmissões da Rádio Caracas Televisão (RCTV), em 27 de maio, a Globovisión é a única emissora que se mantém na oposição ao presidente Chávez. Ela transmite notícias 24 horas por dia, mas, ao contrário da RCTV, não tem um alcance nacional, limitando-se a Caracas e a cidade de Valência.
Na carta, Zuluaga diz que na Venezuela ¿há uma verdadeira política de Estado de intimidação, que busca restringir a liberdade de expressão¿ e denuncia os processos judiciais abertos contra as empresas de comunicação como ¿um mecanismo para amedrontar a imprensa livre¿. Ele afirma que, só contra a Globovisión, existem 19 processos na Justiça, seis procedimentos administrativos e várias investigações penais no Ministério Público, ¿todas improcedentes e com clara motivação política¿.
RCTV POR ASSINATURA
A RCTV está em fase de testes para voltar a transmitir na Venezuela pelo canal 103 da operadora de televisão por assinatura Directv. Desde sábado o logotipo da empresa - um leão alaranjado - já pode ser visto por quem sintonizar esse canal.
¿É verdade. Já estamos fazendo testes e nos próximos dias (o diretor da RCTV) Marcel Granier fará o anúncio formal (de que a emissora voltará ao ar)¿, confirmou para o jornal venezuelano El Universal Edmundo Mosca, vice-presidente de Engenharia de Operações do canal.
A RCTV teve de sair do ar porque o governo venezuelano se recusou a renovar sua licença para transmitir pelo canal 2 da TV aberta. Chávez justificou a decisão acusando a emissora de apoiar o golpe que lhe tirou do poder por 48 horas em 2002 e de não cumprir com seus compromissos fiscais e legais.