Título: Momento exige sangue-frio, recomendam analistas
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2007, Economia, p. B1

A crise do setor imobiliário americano teve efeito sobre as bolsas mundiais e sobre a Bovespa, que fechou ontem em queda de 3,28% e assustou os investidores brasileiros. Segundo consultores de finanças pessoais, no entanto, ainda não é momento para preocupações.

'Apesar da turbulência internacional, o cenário interno é muito bom', diz o consultor de finanças pessoais e professor da Fiap Marcos Crivelaro. 'O mais provável é que o efeito manada, ocasionado pela queda nas bolsas mundiais, logo passe. As crises são muito rápidas atualmente.'

Para os investidores do mercado de ações que não tiveram nenhuma perda, Crivelaro diz que não há por que mexer nos investimentos. 'Para aqueles que já perderam, eu diria para esperar mais uma semana: se as perdas continuarem, talvez seja hora de sair.' Ele alerta que o momento pode até ser interessante para as pessoas que querem começar seus investimentos em ações. 'Eu recomendaria prestar atenção.'

Quanto à queda das ações de empresas do ramo imobiliário (Gafisa fechou ontem em baixa de 3,17% e Cyrela, de 1,72%), o consultor avalia que logo o movimento deve ser revertido. 'Nunca o setor imobiliário brasileiro esteve tão bem, com tantos lançamentos e oferta de crédito', explica. 'Além disso, nosso sistema de crédito imobiliário não tem nenhum paralelo com o americano, portanto, não deve acontecer nada.'

O economista Fabiano Calil também afirma que não é momento para retirar dinheiro dos fundos de ações e da bolsa. 'Se a pessoa tem papéis de uma empresa que continua bem e se a economia brasileira vai bem, não há razão para se preocupar.'

Ele diz que, ao decidir se é hora ou não de mudar de investimento, é preciso calcular quanto foi investido, qual era a previsão de ganhos e o limite de perda aceitável. 'Ações devem ser investimentos de longo prazo. Só com esses quesitos é possível avaliar o que fazer.'