Título: Mantega vê juro ainda em queda
Autor: Veríssimo, Renata e Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2007, Economia, p. B3

O agravamento do nervosismo no mercado internacional, com as incertezas no mercado imobiliário dos EUA, não é motivo para o Banco Central (BC) alterar a trajetória de queda da taxa Selic. É essa a opinião do ministro da Fazenda, Guido Mantega. 'A Selic tem a ver apenas com a inflação interna, o Copom (Comitê de Política Monetária) olha para a inflação e vê se está dentro da meta', explicou. 'Se a inflação está dentro da meta, a Selic poderá seguir em queda.'

O BC, no entanto, na última ata do Copom alertou para os riscos de os problemas com o mercado imobiliário afetarem as economias de países emergentes, como o Brasil. Na ata, o Copom destaca que não se pode descartar uma desaceleração mais forte do que a esperada da economia americana se os efeitos da dificuldade no setor imobiliário se mostrarem mais intensos e generalizados. O Copom volta a se reunir em setembro para definir nova taxa Selic, que está hoje em 11,5% ao ano.

Mantega avaliou, no entanto, que a turbulência internacional pode provocar elevação dos juros nos mercados secundários ou uma redução da taxa pelo banco central americano (Fed). 'Em um momento de crise, elevar a taxa do Fed quebra o mercado. O momento é de distensionar o mercado, então, se houver mudança na taxa do Fed, será para menor.'

Mantega afirmou que a taxa Selic está bem calibrada e lembrou que o IPCA 'saiu bem', com uma taxa de 0,24%. Para ele, a pressão causada na inflação por alguns alimentos, como leite, está sendo compensada pela desaceleração dos preços controlados, como as tarifas de energia. O ministro disse que a perspectiva de inflação para 2007 continua abaixo de 3,8% e lembrou que há 12 meses essa perspectiva era mais alta. 'Então a inflação está sob controle e a turbulência não terá nenhuma repercussão no Brasil.'