Título: Usina terá tecnologia brasileira
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2007, Economia, p. B7

Álcool será transformado em anidro e enviado aos EUA

Em um gesto de incentivo às parcerias entre o setor privado brasileiro e jamaicano na produção de biocombustíveis na Jamaica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se deslocou em uma limusine por 50 quilômetros, na manhã de ontem, para inaugurar uma usina de álcool da Jamaica Broilers, a JB Ethanol, financiada por instituições européias e montada com tecnologia brasileira.

Com um investimento de US$ 200 milhões, o projeto será movido pela importação de 200 milhões de litros anuais de álcool hidratado do Brasil. Depois de transformado em anidro, o álcool será embarcado, livre de tarifas, para os Estados Unidos, onde será adicionado à gasolina.

'Parecia impossível que a gente pudesse exportar álcool para os Estados Unidos', deslumbrou-se Lula, sem levar em conta que no ano passado o Brasil exportou o produto diretamente para o mercado americano, mesmo com as barreiras tarifárias.

CACHAÇA

Debaixo de um toldo, quatro ventiladores tentavam amenizar a temperatura de mais de 35 graus. Lula, entretanto, parecia derreter.

Entusiasmado, o presidente usou o seu discurso para fazer propaganda de um tradicional produto brasileiro, a cachaça, e anunciar uma possível inovação automotiva, o 'carro verde'.

Ao defender a 'revolução' que os biocombustíveis provocarão na indústria mundial, ele lembrou que, até 1975, o Brasil destinava a produção canavieira para açúcar e aguardente.

'O dia que o mundo experimentar a boa cachaça brasileira, o uísque vai perder mercado', disse o presidente. 'Em breve, não só o combustível será verde. Teremos logo a experiência do carro verde no mundo', afirmou, referindo-se aos plásticos que já estão sendo fabricados a partir de etanol.

Antes de discursar, Lula ficou sentado ao lado do presidente da JB Ethanol, Robert Levy. Ambos distraíram-se, por alguns minutos, com a comparação de suas mãos - a esquerda de Lula, na qual o dedo mínimo foi amputado quando era metalúrgico, e a direita do empresário, que perdeu parte do dedo indicador. Em um gesto de simpatia, Levy presenteou Lula com uma camiseta de Corinthians.