Título: Para especialista, algumas cédulas podem valer R$ 10 mil
Autor: Duran, Sérgio
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2007, Metrópole, p. C7

Apesar disso, muitas notas levadas eram feitas `aos montes na Alemanha¿ na época da hiperinflação; museu não tem cálculo de prejuízo

Ex-diretor do Museu de Numismática do Itaú Cultural e um dos diretores da Sociedade Numismática Brasileira, Alfredo Osvaldo Gallas, de 67 anos, diz que o museu tem de informar, item por item, o que desapareceu, mas reconhece que pode haver notas valiosas entre o material furtado. ¿Soube que haveria notas antigas, da virada do século passado. Aí, talvez, possa ter alguma, que, sozinha, atinja uns R$ 10 mil em leilão.¿

Gallas afirma, porém, que a coleção de vales e de notgeld levada do museu não é valiosa. ¿Os notgeld eram feitos aos montes na Alemanha, por causa da inflação. Só um colecionador muito específico se interessaria¿, diz o numismata, segundo o qual ¿não há nada de muito valor nesse setor¿ no Ipiranga.

Para o especialista, ¿o furto cheira a encomenda¿. ¿Não existe um comércio regular do que foi levado de lá. Talvez na Europa tenha.¿

A vice-diretora do museu, Eloísa Barbuy, afirma o contrário. Segundo ela, mesmo os vales têm valor, mas isso não é fácil de ser quantificado. ¿Queremos saber exatamente a extensão do prejuízo desse furto, mas ainda não concluímos os levantamentos.¿

Notgeld significa ¿dinheiro de emergência¿ em alemão. São cédulas impressas por cidades austríacas e alemãs no período de guerra - no caso das peças furtadas, da Primeira - quando a Casa da Moeda não funciona regularmente. Entre os roubados havia notgeld de Nussendorf e de Oberndorf, na Áustria.

Já os vales eram espécies de notas fornecidas pelos comerciantes, no início do século passado, quando eles não tinham troco. Acabavam funcionando como dinheiro. Uma das peças roubadas diz que aquele vale, expedido por Luis Huf, em Santa Maria do Mundo Novo, em Pernambuco, valia ¿200 Réis¿. ¿Essas peças datam dos anos 20 e foram coletadas pelo próprio museu na década de 40. Toda a coleção foi formada como todas as outras, ao longo do tempo¿, diz Eloísa Barbuy.

REFORMA

Aumentar a segurança é o objetivo de um projeto de reforma e ampliação do museu, que vem sendo desenvolvido pela diretoria da instituição. Caso sejam executadas, as obras fariam com que o atual espaço triplicasse, dos atuais 6,3 mil metros quadrados para 18 mil m², dobrando o espaço para exposições. Elaborado por Eduardo Colonelli e Silvio Oksman, do Escritório Paulistano de Arquitetura, o projeto prevê nova edificação onde hoje fica a unidade do Corpo de Bombeiros e acesso subterrâneo ao museu, cortando parte do bosque atrás do prédio histórico.

A reforma foi orçada em R$ 50 milhões, dinheiro que será captado com a iniciativa privada, por meio de leis de incentivo fiscal.

O projeto estabelece a construção de novos caminhos de circulação pelo bosque e de um espelho d¿água que serviria de clarabóia para o subterrâneo. O acesso pelo subsolo levaria ao novo prédio, criando uma segunda entrada na Avenida Nazaré. Nessa edificação ficaria a administração da instituição, que hoje divide espaço com exposições.

A falta de espaço de exposição levou a direção do museu a deixar guardadas coleções inteiras, como a de objetos de Santos Dumont, que já teve espaço permanente no Ipiranga.