Título: Especialistas divergem sobre uso de embriões
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2007, Vida&, p. A18

Debate na TV Estadão abordou questão central das pesquisas com células-tronco humanas

O embrião é vida. Se essa vida pode ou não ser destruída em benefício das pesquisas com células-tronco é algo que precisa ser definido, segundo os especialistas Marco Segre e Maria Garcia, que participaram ontem de um debate transmitido ao vivo pelo site da TV Estadão. O tema era ¿Quando começa a vida humana?¿ - questão que está na raiz da polêmica das pesquisas com embriões humanos.

Assista ao vídeo do debate sobre embriões e células-tronco

Segre, professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em bioética, defendeu as pesquisas com células-tronco embrionárias e lançou a idéia de um plebiscito para resolver as diferentes interpretações sobre o tema. Disse que o embrião é vida, mas uma forma de vida na qual é aceitável intervir.

Para Segre, a questão sobre quando começa a ¿vida humana¿ (inviolável) é algo que não pode ser definido pela ciência. ¿O que precisamos definir é a partir de quando queremos respeitar a vida¿, disse. ¿A ciência descreve fenômenos; não tem elementos para definir condições que dizem muito mais respeito a cultura, crença e religião.¿

Maria, professora de biodireito da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, defendeu que a vida começa na concepção e não pode ser violada, como garantem a Constituição e o Código Civil brasileiros. Para ela, não há argumento que justifique a destruição de embriões, nem mesmo o de que as células-tronco poderiam salvar vidas no futuro com a cura de doenças. Segundo ela, a definição deve ser exclusivamente científica: todo ser humano começa com a fecundação do óvulo. ¿Desafio qualquer biólogo a mostrar o contrário¿, disse.

As pesquisas com células-tronco embrionárias humanas foram autorizadas no Brasil em 2005 pela Lei de Biossegurança. O texto permite o uso de embriões produzidos in vitro, congelados há mais de três anos, e que sejam doados para pesquisa com o consentimento dos pais. A lei está sendo contestada no Supremo Tribunal Federal por uma ação de inconstitucionalidade, sob o argumento de que a vida começa na concepção.