Título: Presidente da OAB cobra investigação
Autor: Scarance, Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2007, Nacional, p. A6

Lourenço critica o que chama de ¿banalização¿ do uso de escutas no País.

O presidente em exercício da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Vladimir Rossi Lourenço, cobrou ontem a investigação da denúncia sobre grampos em telefones de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e criticou duramente o que chamou de ¿banalização¿ do uso de escutas telefônicas no País. ¿Se isso efetivamente ocorreu, deve ser investigado. Não dá para admitir que os ministros do Supremo, como qualquer outro cidadão, tenham o sigilo das ligações quebrado¿, afirmou Lourenço.

Para o advogado, é preciso usar a mesma alta tecnologia que permite hoje interceptar uma ligação para identificar se houve realmente o grampo no Supremo. Em caso positivo, o segundo passo é identificar os responsáveis. ¿Grampo ilegal é crime e deve ser tratado como tal, como delito¿, defendeu.

De acordo com Lourenço, a OAB já se posicionou ¿de forma clara¿ sobre a questão das interceptações telefônicas - defende o sigilo como preceito constitucional, admitindo o grampo em investigações só em casos excepcionais. ¿Em caráter absolutamente excepcional¿, frisou. ¿Deixou-se a investigação de lado para ficar em cima de escuta. Virou o grande instrumento de investigação que nunca foi.¿

O presidente da OAB em São Paulo, Luiz Flávio Borges D¿Urso, divulgou ontem uma nota na qual considera ¿gravíssima¿ a denúncia publicada pela Veja e declara que ¿repudia qualquer iniciativa dessa natureza, porquanto gera um clima de intimidação que contraria o Estado Democrático de Direito¿.

MINORIA

Após defender o uso da interceptação autorizada pela Justiça - e condenar os grampos ilegais -, no fim de semana, a Polícia Federal avisou ontem que não comentaria o assunto. Por meio da assessoria de comunicação, informou apenas que - ¿como já foi noticiado¿ - a PF tem hoje cerca de 110 mil inquéritos e em menos de 1% deles houve interceptação. Ainda segundo a assessoria, a Polícia Federal não depende ¿única e exclusivamente¿ dos grampos para investigar.