Título: No meio da crise, Collor pede licença de 4 meses no Senado
Autor: Mendes, Vannildo e Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2007, Nacional, p. A8
Segundo pessoas próximas, ele não quer participar de julgamento de ex-líder de sua tropa de choque.
O senador Fernando Collor (PTB-AL) anunciou ontem em Brasília que vai tirar uma licença do mandato por quatro meses, a partir da semana que vem. A razão oficial é que ele quer tempo para atender aos convites que tem recebido para dar palestras.
Mas, de acordo com pessoas próximas a ele, a licença seria uma forma de não ter que participar do eventual julgamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pelo plenário da Casa. Em 1992, Renan foi um dos líderes da tropa de choque em defesa do então presidente, que acabou sofrendo impeachment. Durante a licença, Collor será substituído pelo primeiro suplente, que é seu primo Euclides de Melo.
No Estado dos dois senadores, cerca de 200 militantes do PSOL e do PSTU promoveram ontem à tarde sua segunda manifestação de rua contra Renan. Com faixas e cartazes, eles percorreram a principal avenida de Maceió, protestando contra a falta de ética na política e pedindo sua saída do cargo.
Além dos já tradicionais narizes de palhaço, os manifestantes usavam máscaras com desenho de boi e levaram três vacas e uma carroça para o protesto, numa alusão às operações de venda de gado. A manifestação reuniu líderes de partidos de esquerda, sindicalistas e dirigentes de entidades estudantis.
Para Manoel de Assis, líder do PSTU, os protestos vão crescer. ¿No primeiro ato reunimos cerca de 100 pessoas, nesta passeata já dobramos o número de manifestantes. Nos próximos vamos reunir muito mais, para mostrar ao Brasil que os alagoanos também não querem Renan Calheiros na presidência do Senado¿, contou. ¿Queremos que as denúncias sejam apuradas com rigor e que Renan sofra as penalidades previstas em lei, caso as irregularidades sejam comprovadas.¿
Os manifestantes saíram da frente do Tribunal de Contas do Estado e seguiram pela Avenida Fernandes Lima até a sede do governo, no centro, onde realizaram o ato público. Apesar de bem-humorada, a manifestação atrapalhou o trânsito, irritando motoristas e passageiros.