Título: Caracas nega reunião com 'homem da mala'
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2007, Internacional, p. A15

Governo desmente que Chávez tenha recebido empresário procurado.

O governo da Venezuela negou ontem que o empresário venezuelano Guido Antonini Wilson - procurado pela Justiça argentina por ter tentado entrar no país com uma maleta contendo US$ 790 mil sem declarar - tenha se reunido com o presidente Hugo Chávez antes de partir para Buenos Aires, há duas semanas e meia. ¿Não houve ocasião nenhuma em que poderia ter ocorrido um almoço com o empresário Guido Antonini¿, disse o ministro da Informação, William Lara.

O motivo do desmentido foi a divulgação, pela imprensa argentina, de que funcionários da alfândega em Buenos Aires, enquanto contavam o dinheiro confiscado, ouviram que Antonini Wilson falava pelo celular com alguém, a quem explicava que estava fazendo muito frio na capital argentina. Ele lamentava que havia viajado de Miami para Caracas e, nas poucas horas na capital venezuelana, não teve tempo de buscar agasalho antes de partir para Buenos Aires ¿porque teve de almoçar¿ com Chávez.

O ¿escândalo da maleta¿ - que causou inédito confronto entre o presidente argentino, Néstor Kirchner, e Chávez - envolveu altos executivos da estatal petrolífera venezuelana PDVSA e assessores de Kirchner, que viajaram juntos em um jatinho (alugado pela estatal argentina de energia Enarsa) de Caracas para Buenos Aires no dia 3.

TENSÃO EM SANTA CRUZ

A Província de Santa Cruz, na Patagônia, feudo político de Kirchner, vive desde sexta-feira um clima de grande tensão social. Hoje, membros de sindicatos e grupos de opositores farão uma marcha contra a agressão cometida há cinco dias por um ex-assessor de Kirchner, Daniel Varizat, que atropelou e feriu 17 pessoas que se manifestavam contra o presidente. Varizat, que trabalhava para Kirchner havia 20 anos, ocupou entre 2003 e 2006 o cargo de subsecretário-geral da presidência. Desde o fim de semana, está preso por ordem da Justiça. Em meio à tensão, renunciou ontem o chefe da polícia de Santa Cruz, Wilfredo Roque.

Apesar do caso da mala e da tensão em Santa Cruz, a mulher de Kirchner, Cristina, ainda é favorita para a eleição presidencial de outubro. Segundo uma pesquisa do instituto Ricardo Rouvier, Cristina obteria 55% dos votos.