Título: Chávez recebe parentes de reféns
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2007, Internacional, p. A15
Venezuelano inicia mediação e pede `de coração¿ que Uribe e Farc desobstruam caminho para troca de prisioneiros.
Parentes de alguns dos 46 reféns políticos do grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) reuniram-se ontem à noite em Caracas com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que prometeu ajudar na negociação com os rebeldes do país vizinho.
¿Vamos tentar fazer contato com o alto comando das Farc¿, anunciou Chávez após o encontro, pedindo que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, e o chefe do grupo guerrilheiro, Manuel Marulanda, façam concessões para um acordo humanitário. ¿Peço de coração a Uribe e a Marulanda que nos facilitem a tarefa, que não nos travem o jogo, que hoje está travado.¿
Os parentes - 15 no total - foram acompanhados pela senadora colombiana de oposição Piedad Córdoba, aliada de Chávez, designada por Bogotá como mediadora de um acordo humanitário. Entre eles estava Yolanda Pulecio, mãe da franco-colombiana Ingrid Betancourt, seqüestrada em 2002 - quando era candidata à presidência na Colômbia. ¿Acreditamos que novas oportunidades podem ser abertas (com o encontro)¿, disse Yolanda. Ela assinalou que as Farc ofereceram à França um ¿gesto humanitário¿, não especificado, se for solto o ¿chanceler¿ dos rebeldes, Rodrigo Granda.
As Farc se dizem dispostas a trocar os 46 reféns por cerca de 500 guerrilheiros que estão detidos em prisões colombianas, mas exigem a desmilitarização dos municípios de Pradera e Florida para que o diálogo possa ocorrer. Chávez anunciou há duas semanas sua disposição de ajudar no diálogo dos rebeldes com o governo colombiano.
Uma reunião com Uribe para tratar do assunto está prevista para antes do fim do mês. ¿O amigo Uribe deu um sinal muito interessante e nós queremos paz na Colômbia. Tomara que possamos ajudar¿, afirmou Chávez no domingo em seu programa Alô Presidente. ¿Ambos terão de ceder. Os guerrilheiros pedem uma zona desmilitarizada, o governo colombiano não quer ceder a esse respeito. Vamos conversar e ver o que acontece.¿ Chávez reiterou a disposição de que a Venezuela sirva de sede não só para as negociações, mas para uma troca de prisioneiros. Como ¿sinal de boa vontade¿, anunciou que pedirá à Justiça militar venezuelana o ¿início do processo de indulto¿ de 118 paramilitares colombianos presos na Venezuela desde 2005.
Chávez vem sendo acusado de dar apoio e abrigo a membros das Farc. Em 2004, o seqüestro de Granda em Caracas por policiais venezuelanos contratados por Bogotá causou uma crise diplomática bilateral.