Título: 'Exportação pode ser afetada', diz Coutinho
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2007, Economia, p. B4

Mas o presidente do BNDES destaca recuperação da economia doméstica.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou ontem que um possível agravamento da crise nos mercados financeiros internacionais poderá provocar uma desaceleração dos setores exportadores brasileiros. ¿Se a economia americana desacelerar muito, a China também será atingida, o que pode provocar a redução do preço de alguns produtos, que hoje são muito favoráveis no Brasil¿, disse, após participar de evento na sede da Força Sindical, em São Paulo.

Segundo Coutinho, uma eventual redução da atividade exportadora não necessariamente se refletirá em um menor crescimento da economia brasileira. ¿Isso dependerá da nossa capacidade de substituir o crescimento exportador por um maior crescimento do mercado interno.¿ Ele destacou os vários sinais de recuperação da economia doméstica, como as vendas recordes no setor automotivo e a retomada da atividade agropecuária, além do avanço nas vendas de máquinas e equipamentos para indústria.

De acordo com o presidente do BNDES, o Brasil não tem completa imunidade diante da crise, mesmo contando com as reservas internacionais de US$ 160 bilhões. ¿Mas hoje temos capacidade maior de produzir um cenário autônomo de crescimento com relação ao ciclo global.¿ No entanto, ponderou que se ocorresse uma ¿supercrise¿ internacional ninguém escaparia dos efeitos negativos.

Para Coutinho, se os efeitos da crise financeira limitarem-se a um problema de desaceleração, ainda significativo, o País terá condições de enfrentar as conseqüências sem que as taxas de crescimento e investimento sejam afetadas. O executivo afirmou que ninguém sabe ainda a exata extensão da crise no sistema de crédito, mas que, por enquanto, o Brasil não foi afetado.

Ele considerou neutro o efeito da recente depreciação cambial. ¿Talvez provoque um pouco de pressão inflacionária, mas, por outro lado, os setores que vinham sendo afetados pelo câmbio se tornarão mais competitivos¿, disse.

Coutinho afirmou que não houve redução nos pedidos de financiamento desde o início da turbulência nos mercados. Segundo o presidente do BNDES, dos grandes projetos atualmente em negociação na instituição, em apenas um caso foi necessária a intervenção do banco para que os termos originais fossem mantidos.