Título: Bernardo sugere 'torcer e vigiar'
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2007, Economia, p. B4

Ministro acha que crise nos mercados está se dissipando e não afetará o Brasil, mas é preciso ficar atento.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem que 'tudo indica' que a tendência é de melhora na situação dos mercados financeiros mundiais, cuja turbulência, iniciada nos Estados Unidos, já se arrasta há quase um mês. Mas Bernardo advertiu que 'é preciso ficar de olhos bem abertos, torcer e vigiar'.

Para o ministro, o pior da crise já passou, mas é preciso manter a atenção. Ele fez questão de salientar ainda que os efeitos da crise financeira no Brasil são pequenos.

'O que o mercado está mostrando é que houve um início de pânico, um nervosismo muito exacerbado, que, pelo jeito, cedeu. Os bancos centrais da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá tomaram medidas que eu acho que acalmaram (o mercado)', observou Bernardo.

' Temos que torcer e vigiar para que essa coisa vá se dissipando normalmente', declarou o ministro, em entrevista no Palácio do Planalto, após cerimônia de lançamento do Programa Nacional de Segurança Publica (Pronasci).

Para Paulo Bernardo, os efeitos da crise no Brasil são muito pequenos. 'Nós temos uma situação diferenciada', destacou o ministro. 'É evidente que, se a crise se prolongar, se afetar o crescimento da economia no mundo, o comércio internacional, ela pode ter alguma conseqüência, mas, aparentemente, isso não está acontecendo. Crise nunca é bom. A gente tem sempre que estar atento, mas nós estamos com a visão de que isso vai ser resolvido rapidamente.'

O ministro do Planejamento atenuou a preocupação de analistas econômicos em relação ao possível contágio da economia brasileira pela volatilidade dos mercados. 'Se você olhar friamente, não tivemos praticamente efeito nenhum aqui no Brasil, a não ser essas variações da Bolsa, algum nervosismo', disse. 'Aparentemente, isso está dissipado. Portanto, nós temos que ficar atentos.'

Bernardo ressalvou, entretanto, que 'o governo não pode ser irresponsável e dizer que não vai acontecer nada'. Mas insistiu que, na sua avaliação, a instabilidade não deve se prolongar por muito tempo.

Perguntado se há algum risco de recessão, o ministro Paulo Bernardo ironizou: 'Pelo que têm dito analistas mais expertos do que eu no assunto, pelo jeito vai afetar um pouco o crescimento americano. Nós acreditamos que não vai afetar o nosso crescimento este ano. Se essa crise realmente causar uma desaceleração da economia mundial muito acentuada, pode ter alguma conseqüência aqui para nós. Evidentemente não é isso que está acontecendo.'

Sobre a possibilidade de o governo adotar medidas preventivas para evitar que a crise tenha algum impacto no Brasil, o ministro respondeu: 'Por enquanto, não tem que fazer nada. Tem que prestar atenção no que está acontecendo. Se tiver que tomar medidas, o governo vai tomar.'