Título: 'País deve manter crescimento'
Autor: Freire, Gustavo e Oliveira, Ribamar
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2007, Economia, p. B7
Para Reis Velloso, diversificar mercados de exportação ajudou.
Embora ainda não se tenha clareza da real dimensão da crise que atinge os mercados financeiros globais, economistas de diferentes linhas de pensamento concordam que a economia brasileira não deverá ser afetada tão duramente quanto em crises anteriores. Para João Paulo dos Reis Velloso, ex-ministro do Planejamento e presidente do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), o País deverá manter uma boa taxa de crescimento.
¿Se os Estados Unidos vão crescer menos, países emergentes como China, Índia e o próprio Brasil vão continuar crescendo a taxas muito altas ou, pelo menos, boas¿, disse Reis Velloso, que foi homenageado ontem pelo Ordem dos Economistas do Brasil.
Segundo ele, o Brasil tem a vantagem de ter diversificado seus mercados de exportação e não depender demais de nenhum bloco ou país. ¿Isso nos dá condições de continuar aumentando nossas exportações¿.
Celso Martone, sócio da MCM Consultores Associados, que recebeu o Prêmio Economista do Ano, disse que está mais preocupado hoje com a inflação como resultado da demanda interna aquecida do que pelos efeitos da crise internacional. ¿Isso pode levar o Banco Central a interromper o processo de queda do juros, mas não tão já¿. Mas ele não acredita que o BC faça qualquer mudança na política monetária ou cambial por causa da crise dos mercados globais.
Na avaliação de Fabio Giambiagi, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a crise atual pode trazer algumas conseqüências positivas. Segundo ele, um crescimento menor dos Estados Unidos em 2008, acompanhado de alguma desvalorização do dólar nos mercados internacionais,contribuiria para reduzir o déficit em conta corrente americano, que hoje representa de 6% a 7% do PIB.
¿A melhora da situação externa dos EUA reduziria as chances de uma crise de desconfiança grande em relação à sustentação futura do dólar¿, disse. ¿E abriria espaço pra uma economia mundial mais fortalecida a partir de 2009¿.