Título: Colombianos ampliam rotas que usam o Brasil
Autor: Pereira, Rodrigo e Tomazela, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2007, Metrópole, p. C1

As novas e principais rotas do tráfico de drogas usadas pelos colombianos para a Europa passam pelo Brasil. Algumas atravessam a Venezuela ou o Suriname antes de entrar no País. A droga vem até o Sudeste, onde embarca, mas pode também sair pelo Amazonas ou pelo Nordeste, como no caso descoberto pela Operação São Francisco. 'Aqui os cartéis têm os seus operadores, pessoas responsáveis pelo gerenciamento dos negócios', afirmou Wálter Maierovitch, presidente do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone.

Especialista em crime organizado, Maierovitch acredita que chefões do tráfico colombianos possam estar escondidos no Brasil, mas apenas temporariamente. Para ele, esses bandidos podem deixar sua terra, mas a permanência fora do lugar onde se sentem seguros é sempre breve. 'Você não vê um Bernardo Provenzano ou um Matteo Messina Denaro (chefes da máfia siciliana) se estabelecerem fora de seu território.'

Recentemente, a PF recebeu informações de que o colombiano Diego Leon Montoya Sanches estaria no Brasil. Don Diego é um dos dez homens mais procurados no mundo pelo FBI e já foi o líder inconteste do cartel Norte do Vale - hoje ele comanda uma das facções em que se dividiu o principal cartel colombiano da droga. A recompensa por sua captura é de US$ 5 milhões, igual à oferecida pelo governo americano por Juan Carlos Abadía.

Don Diego é conhecido por suas ligações com os paramilitares da Autodefensas Unidas de Colombia (AUC). Segundo Maierovitch, Don Diego e Abadía usam pilotos de avião autônomos para transportar a droga, além de submarinos. Os colombianos mantêm relações com os cartéis mexicanos de Tijuana e Juárez. É pela fronteira com o México que entra 70% da cocaína consumida nos EUA.