Título: Furacão perde força ao atingir o México
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/08/2007, Internacional, p. A16

Tormenta deixa poucos prejuízos, mas ainda preocupa mexicanos.

A passagem do furacão Dean pelo sul do México não passou de um susto. Os ventos, que vinham se mantendo a mais 200 quilômetros por hora, perderam a força assim que atingiram o continente. Muitos turistas que não haviam sido retirados do balneário de Cancún passaram a manhã nas piscinas dos hotéis, aproveitando o sol que apareceu timidamente. Meteorologistas alertaram, contudo, que existe possibilidade de o Dean ganhar força novamente quando voltar ao mar.

O furacão atingiu a fronteira do México com Belize às 3h de ontem (5h de Brasília), ainda com categoria 5, a máxima na escala Saffir-Simpson. No entanto, rapidamente perdeu intensidade e caiu até a categoria 1. Em Cancún e na Riviera Maia, o Dean foi sentido como uma tempestade tropical, tendo causado danos mínimos à infra-estrutura hoteleira e turística - apenas algumas palmeiras arrancadas, um pedaço do calçadão na área dos hotéis danificado e ondas de dois metros, produzindo uma ressaca que atraiu alguns turistas à orla.

Segundo a Associação de Hotéis de Cancún, apesar de 50 mil turistas terem sido retirados das praias da península, cerca de 34 mil permanecem na área. Todos passaram a tempestade nos quartos, já que desde a noite de domingo as lojas tinham fechado e a polícia e o Exército passaram a patrulhar as ruas, impedindo a circulação de pessoas.

Já nas primeiras horas de ontem, todos os hotéis retomaram suas atividades normais. O aeroporto de Cancún foi reaberto às 8h (10h de Brasília). A associação dos hotéis informou que mesmo com o forte vento, que não passou de 100 quilômetros por hora nos piores momentos do Dean, nenhum deles sofreu estragos consideráveis.

¿Houve danos menores, chalés danificados e inundações de pequenos restaurantes, mas nada que não possa ser consertado com um esfregão¿, disse o presidente da organização, Jesús Almaguer.

A prefeitura informou que as ondas teriam danificado algumas praias de Cancún. ¿Uma ou duas praias tiveram significante perda de areia¿, disse a secretária do Meio Ambiente do município, Reina Gil.

O presidente mexicano, Felipe Calderón, disse que, até ontem, não havia notícia de mortos no México. No entanto, Calderón lembrou que por causa das chuvas, das estradas intransitáveis e da falta de comunicação com muitas vilas da região, principalmente aquelas atingidas pela tempestade quando ainda era de categoria 5, ainda não era possível determinar se o furacão deixou ou não vítimas fatais.

O Dean é o primeiro furacão do ano no Oceano Atlântico e o primeiro em três décadas a atingir o México com categoria 5 no mês de agosto. Em sua passagem pelo Caribe, ele causou 13 mortes e deixou um rastro de destruição, principalmente na Jamaica.

Hoje, o furacão deve voltar ao Golfo do México. De acordo com os meteorologistas, as águas quentes da região devem fazer com que sua intensidade aumente, o que ainda preocupa autoridades mexicanas e americanas. O furacão interrompeu a produção de petróleo em Cantarell, região mais produtiva do país. Segundo o Risk Management Solutions, que calcula as perdas ocasionadas por furacões, o prejuízo da tormenta pode chegar a U$ 1,5 bilhão.