Título: Greve no setor da Saúde de Alagoas se alastra
Autor: Rodrigues, Ricardo e Nogueira, Jãmarrí
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/08/2007, Vida &, p. A18

Servidores de nível médio param e exigem 80% de reajuste; na Paraíba, pacientes são transferidos; Temporão descarta intervenção federal.

A situação nos hospitais públicos de Alagoas, que já era crítica com quase três meses de greve dos médicos, tende a se agravar com a paralisação dos servidores de nível médio da saúde: enfermeiros, auxiliares de enfermagem e assistentes sociais, entre outros profissionais. Eles cruzaram os braços ontem e estão reivindicando 80% de reajuste salarial. Só 30% da categoria vai trabalhar para manter os serviços emergenciais funcionando. Os médicos em greve reivindicam 50% de reajuste. O governo estadual oferece 5%. A Justiça de Alagoas anunciou ontem punições para os médicos em greve. Quem não voltar ao trabalho a partir de hoje vai pagar multa diária de R$ 100.

Veja um quadro da situação

Com a greve dos médicos e o pedido de demissão de 250 profissionais, mais de 2 mil pessoas deixam de ser atendidas por dia nos postos de saúde e ambulatórios do Estado. Desfalcado de sete dos seus oito hematologistas, o atendimento no Hemoal, o principal hemocentro de Alagoas, foi totalmente desestruturado e vários pacientes - hemofílicos e doentes renais crônicos que precisam fazer hemodiálise - voltaram para casa sem tratamento.

A Unidade de Emergência Armando Lages - principal pronto-socorro de Maceió, que atende pacientes da capital e do interior - também foi atingida pela demissão coletiva dos médicos. Ficou sem nove neurocirurgiões em sua equipe. O atendimento foi reforçado por médicos do Corpo de Bombeiros.

`REFÉNS¿

No Estado da Paraíba, a Secretaria de Saúde de João Pessoa pretende transferir para Recife (PE) e Natal (RN) pacientes que estão na lista de espera para cirurgias de alta complexidade, como as cardiovasculares. A secretária Roseane Meira vai entrar com queixa-crime contra cirurgiões que estão em greve. ¿O poder público está refém dos médicos¿, disse o prefeito da capital, Ricardo Coutinho (PSB). Ele defendeu a criação de uma ¿força-tarefa nacional¿ como possível solução para as cidades onde há impasse entre médicos e gestores.

SEM INTERVENÇÃO

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, descartou ontem a possibilidade de intervenção nos Estados. Para ele, o movimento de greve na área de saúde precisa ser rediscutido. ¿Você pode inadvertidamente colocar a vida de uma pessoa em risco por uma má avaliação de um comando de greve. Isso envolve dimensão ética, política. Considero o direito à vida mais importante que qualquer outro.¿