Título: De olho no Fed, mercado tem dia calmo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/08/2007, Economia, p. B1

Expectativa de que banco central dos EUA reduza a taxa básica de juros anima investidores; Ibovespa sobe 1,24%.

As especulações de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) pode reduzir a taxa básica de juros antes de sua próxima reunião, em 18 de setembro, animaram os investidores ontem e garantiram mais um dia de relativa calma nos mercados globais.

No Brasil, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) subiu pelo segundo dia seguido - a alta de 1,24% levou o indicador para 49.815 pontos. O dólar voltou a avançar levemente sobre o real - 0,25% -, para R$ 2,034. O risco Brasil, medido pelo banco JP Morgan, foi a 219 pontos, valorização de 1,39%.

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários fecharam com direções opostas. O Índice Dow Jones, o mais importante da Bolsa de Nova York, recuou 0,23%, enquanto a bolsa eletrônica Nasdaq subiu 0,51%.

Os rumores de que o Fed pode cortar o juro a qualquer momento cresceram depois de uma reunião entre o presidente do Fed, Ben Bernanke, o secretário do Tesouro, Henry Paulson, e o senador Christopher Dodd, presidente do Comitê de Bancos do Senado. Os três conversaram por cerca de uma hora no Congresso.

Bernanke e Paulson não falaram após o encontro, mas Dodd relatou a reunião a jornalistas. O senador democrata afirmou que, em relação aos problemas atuais, 'o Fed os assume e compreende'. Dodd disse também que perguntou a Ben Bernanke se o comando do banco central deseja utilizar todos os instrumentos disponíveis para enfrentar a crise no mercado financeiro. Bernanke teria respondido afirmativamente.

'A meta (da reunião) foi dar ao mercado um impulso psicológico positivo e creio que eles tiveram sucesso', disse Angel Mata, diretor-gerente da Stifel Nicolaus Capital Markets.

A taxa básica de juros nos EUA está em 5,25% ao ano. Segundo os analistas, uma eventual redução no custo do dinheiro ajudaria a prover liquidez aos mercados justamente num momento em que investidores e instituições financeiras estão segurando ao máximo seus recursos por terem medo de levar calote. Esse movimento praticamente travou o mercado de crédito.

O problema é que não há consenso, nem mesmo entre os analistas, sobre essa redução do juro. 'Há duas vertentes: uma acha que nós precisamos de um corte e a outra não sente que a economia (americana) desacelerou o bastante para justificá-lo', observou Janna Sampson, analista da Oakbrook Investments. 'Acho que o fato de que cada vertente lidera a cada dia, ou mesmo a cada hora, é que está provocando toda essa volatilidade. Há muita incerteza.'

Também ontem, o presidente do Fed da região de Richmond, Jeffrey Lacker, defendeu que a redução do juro só deve ocorrer se prejudicar a inflação ou as perspectivas de crescimento.