Título: Kassab recua e teatros terão de seguir normas
Autor: Maia Junior, Humberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/08/2007, Metrópole, p. C8

Assim como cinemas e museus, esses estabelecimentos não poderão ter painéis que ultrapassem 10% da fachada, como queria classe artística.

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) recuou da sua posição de abrir exceções na Lei Cidade Limpa para casas de espetáculos, cinemas, teatros e museus. Na semana passada, na posse dos membros da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU), que vai estudar casos de omissão da lei, Kassab recomendou cumprimento total à legislação. 'O prefeito nos deixou claro e foi enfático em dizer que nenhuma exceção será aberta', disse a presidente da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), Regina Monteiro. Assim, cartazes e peças de publicidade nesses locais não deverão ultrapassar 10% do total da área da fachada.

Em abril, em meio a protestos da classe artística contra a Cidade Limpa, o prefeito disse que o enquadramento de estabelecimentos artísticos era um equívoco na redação da lei. 'Posso dizer que é o primeiro encaminhamento que chega à Prefeitura que acho que tem fundamento', disse Kassab na época. 'É diferente de um banco, ou de um posto de gasolina, que você vê a fachada, seja pela cor ou por pequeno indicativo, e sabe que lá vende gasolina, que lá tem o banco. O teatro e o cinema mudam a peça ou o filme toda a semana e têm que ter um tratamento especial, sim.'

Regina disse que, na primeira reunião do CPPU, que deve ocorrer em duas semanas, será oficializada permissão para os painéis serem desmembrados, sem ultrapassar o limite de 10%. 'Há casas com duas, três peças. Elas vão precisar de espaços diferentes para anunciá-las. ' A CPPU também vai discutir outros casos de omissão, mas, segundo ela, não haverá exceções. 'Vamos adequar o que a lei não especifica.'

Para quem trabalha com teatro, a permissão para desmembrar a publicidade não é suficiente. 'Somente grandes espetáculos podem anunciar em outras mídias', disse Theodora Ribeiro, uma das diretoras da Cooperativa Paulista de Teatro, entidade que reúne 700 grupos teatrais. 'Para as pequenas peças, que correspondem a 90% das produções, a publicidade na fachada é fundamental.'

O diretor do Espaço dos Satyros, na Praça Roosevelt, no centro, Rodolfo García Vazquez, disse que, com 18 peças em cartaz em duas salas, dividir a publicidade tem efeito nulo. 'Não daria nem para escrever o título num tamanho legível.' Depois da Cidade Limpa, ele se limitou a colocar uma placa com o nome do teatro na fachada. 'O nome das peças está dentro do teatro.'

Theodora disse que várias informações sobre o espetáculo devem estar na fachada: título da obra, elenco, patrocinadores e apoiadores - que, segundo ela, são fundamentais para manter a peça em cartaz.