Título: Denise Abreu vai a duas CPIs para responder sobre acusações
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2007, Metrópole, p. C9

Deputados se ausentaram para não votar pedido de quebra de sigilo dos diretores da Anac

Uma semana depois de os governistas da CPI do Apagão Aéreo da Câmara barrarem a convocação dos diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Josef Barat e Leur Lomanto, os mesmos deputados, com os votos também da oposição, aprovaram ontem a convocação da diretora Denise Abreu. Os governistas se mobilizaram para que o depoimento de Denise fosse marcado para hoje, às 15 horas, depois que a diretora falar à CPI do Senado, às 11 horas.

¿O governo quer liquidar logo o assunto¿, criticou a deputada Luciana Genro (PSOL-RS). Resolvida a convocação de Denise, os governistas deixaram a sessão da CPI para que não houvesse quórum capaz de votar outros requerimentos, como a quebra de sigilo telefônico, bancário e fiscal de toda a diretoria da Anac.

¿Existem duas questões na convocação da diretora: o aspecto estrutural da Anac e denúncias que precisam ser investigadas¿, disse o tucano Gustavo Fruet (PR). Fruet diz que todos os diretores da agência deveriam dar explicações à CPI após as ¿demonstrações de ineficiência e omissão¿ diante do caos aéreo.

Denise será questionada sobre a acusação feita pelo ex-presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), José Carlos Pereira, de que ela tentou favorecer o empresário Carlos Ernesto de Campos, dono da Terminais Aduaneiros do Brasil (Tead), ao fazer lobby para tentar transferir os terminais de cargas dos Aeroportos de Congonhas e Viracopos, em Campinas, para o de Ribeirão Preto. Ela nega o favorecimento.

Denise será questionada também sobre uma reunião ocorrida em 26 de julho, na qual a diretora teria estimulado as companhias a reagir contra as medidas do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac) para descongestionar Congonhas. Os deputados petistas argumentam que o contrato foi feito pelo governo paulista, do PSDB, e não têm relação com a Anac. Para mostrar interesse em esclarecer as suspeitas, Cândido Vaccarezza (PT) assinou requerimento convocando Carlos Ernesto de Campos à CPI.

A expectativa dos governistas era que Denise começasse o depoimento na Câmara, onde a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem ampla maioria. ¿O raciocínio é nós sermos protagonistas, abrindo o depoimento. Se o depoimento se prolongar, o Senado aguarda¿, reforçou o petista André Vargas (PR), que defendia que fosse marcado para 8 horas.

O presidente da CPI, Marcelo Castro (PMDB-PI), atendeu os governistas ao marcar para hoje, mas disse que o Senado convocou Denise primeiro e, por isso, a diretora deveria ir à Câmara depois.

Castro esclareceu que, como a convocação foi feita a menos de 48 horas da data do depoimento, Denise poderá pedir o adiamento. O relator, Marco Maia (PT-RS), informou que a diretora já se disse à disposição das CPIs.

Ontem, os deputados pediram a prorrogação da CPI por um mês, o que permitirá que as investigações continuem até 30 de setembro. A medida precisa ser aprovada no plenário.