Título: Estatais poderão entrar em leilão do Madeira
Autor: Otta, Lu Aiko e Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/08/2007, Economia, p. B11
Segundo ministro, empresas do sistema Eletrobrás poderão se associar a consórcios para a disputa.
O ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, confirmou ontem a parceria de Furnas Centrais Elétricas e a Construtora Norberto Odebrecht na disputa pela Usina de Santo Antônio, do Complexo do Rio Madeira, dia 30 de outubro. Em contrapartida, as demais estatais do Grupo Eletrobrás (Eletronorte e Chesf) também poderão participar do negócio com outros investidores, destacou ele, durante evento da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib).
Há dois meses, o ministro havia proibido a participação de Furnas no leilão das hidrelétricas junto com a Odebrecht. Segundo ele, a estatal ficaria disponível, como sócio estratégico, para se associar, posteriormente, ao vencedor da disputa. O objetivo, dizia Hubner, era proporcionar maior competitividade à licitação e, assim, atrair grandes investidores.
Hubner não contava, no entanto, com um contrato assinado entre a estatal e a construtora, que proíbe a participação de qualquer empresa do Grupo Eletrobrás com outra companhia que não seja a Odebrecht. Depois de muito burburinho e idas e vindas, o ministro afirmou que a construtora aceitou fazer um aditivo no contrato para, ao menos, permitir a entrada das demais estatais com outros investidores no leilão.
Ele adiantou que a parceria das demais empresas vai obedecer aos mesmos critérios do casamento entre Odebrecht e Furnas. A entrada do BNDESPar, como sócio estratégico após o leilão, continua de pé.
Em relação ao limite de 20% de participação de construtoras e fabricantes de equipamentos nos consórcios, ele disse que está avaliando o caso, mas a tendência é manter o porcentual. A medida, anunciada há pouco mais de duas semanas em Portaria do Ministério de Minas e Energia, não agradou aos investidores. Eles consideram que isso restringiria a atuação no leilão. A portaria com as diretrizes do leilão sairá semana que vem.
Investidores interessados na concessão da hidrelétrica de Santo Antônio disseram que não vêem com bons olhos a proposta do governo de distribuir as subsidiárias da Eletrobrás entre os consórcios que vão disputar a construção da usina.
Segundo eles, as subsidiárias da Eletrobrás não são homogêneas entre si. Algumas estão em boa situação financeira, enquanto outras amargam prejuízos. Outro importante empresário, que também está de olho no leilão da usina Santo Antônio, disse que estranha a situação em que um mesmo grupo econômico, como a Eletrobrás, tem suas subsidiárias concorrendo entre si. Para ele, nessa situação é difícil evitar, por exemplo, que alguém deixe vazar as informações sobre as propostas.