Título: Programas de abstinência sexual não funcionam
Autor: Iwasso, Simone
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2007, Vida&, p. A25

Um estudo publicado ontem no Reino Unido afirma que os programas incentivados pelo governo de George W. Bush nos Estados Unidos para promover a abstinência sexual entre os jovens não reduzem o número de casos de gravidez indesejada nem os de doenças sexualmente transmissíveis.

O estudo, realizado por uma equipe da Universidade de Oxford e publicado na revista científica britânica British Medical Journal, destaca que os programas também não têm impacto para conscientizar os jovens sobre a utilização de proteção com preservativos nas relações sexuais. Após examinar 13 estudos feitos nos EUA com 15 mil jovens na faixa etária de 10 a 21 anos, os cientistas descobriram que iniciativas para promover a abstinência sexual não conseguem retardar a idade em que adolescentes perdem a virgindade nem exercem influência sobre o número de relações.

VERBA FEDERAL

Apesar de existirem há décadas, os programas escolares que tentam estimular os adolescentes americanos a manter a abstinência sexual foram impulsionados a partir de 1996 pelos fundos destinados pelo governo federal.

Em troca de verba, as escolas públicas e particulares americanas devem transmitir em seus programas educacionais a mensagem de que relações sexuais antes do casamento são prejudiciais, assim como ter filhos fora dele.

Segundo o diretor do relatório, Kristen Underhill, o estudo terá ¿importantes desdobramentos¿. Genevieve Clark, da organização Terrence Higgins - de ajuda e apoio às pessoas com aids -, acredita que os programas de abstinência sexual não funcionam ¿porque não educam os jovens para que quem opte por ter relações saiba como se proteger¿. ¿Os jovens precisam saber que podem dizer `não¿ ao sexo, mas também têm de conhecer os métodos de proteção contra gravidez indesejada e doenças, caso decidam ter relações sexuais¿, acrescenta Clark.

Em novembro de 2006, o governo Bush ampliou para 29 anos o limite de idade dos participantes desses programas de educação sexual.