Título: Indústria acelera e cresce 4,8% no primeiro semestre
Autor: Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2007, Economia, p. B1
Simulação feita por coordenador do IBGE indica que, no segundo semestre, expansão chega a 6,5%
A produção industrial cresceu pelo nono mês consecutivo em junho. Todas as comparações mostraram aceleração do ritmo de expansão: 1,2% em relação a maio; 6,6% ante junho de 2006, e 4,8% no primeiro semestre. Do primeiro para o segundo trimestre do ano, o crescimento passou de 3,8% para 5,8% e se generalizou. Aumentou de 60% e 64,4% o porcentual de itens com produção ampliada, entre os 800 abrangidos pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
¿Os últimos dois meses sugerem que a indústria passou a operar em um novo nível¿, disse o coordenador de Indústria do IBGE, Sílvio Salles, ressalvando que é preciso esperar pela confirmação da tendência nos próximos meses.
A expansão da indústria foi puxada principalmente pela demanda interna, mas teve também contribuição das exportações e do bom desempenho da agricultura, que está tendo efeitos positivos sobre a agroindústria. ¿Temos metade do ano observada com a indústria crescendo quase 5% e os indicadores de conjuntura não apontam reversão desse quadro favorável¿, afirmou Salles. Ele lembrou que o segundo semestre, em geral, mostra um ritmo mais vigoroso de produção industrial. Utilizando o resultado de junho, ele fez um exercício de simulação e chegou ao crescimento de 6,5% no segundo semestre, afirmando, porém, que não se trata de uma projeção.
Salles citou diversos outros indicadores para embasar sua análise, como o aumento das vendas no comércio varejista, da massa salarial, do emprego, a inflação baixa, a alta do volume de exportações, o crescimento do nível de crédito e o alongamento dos prazos de financiamento, assim como a redução dos juros.
A expansão da produção industrial no mês passado superou expectativas do mercado financeiro, o que reforçou a aposta de que o Banco Central vai reduzir o ritmo de corte das taxas de juros de 0,5 para 0,25 ponto porcentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, em setembro.
¿O forte crescimento de junho mostra que as preocupações do Banco Central manifestadas na ata da última reunião do Copom quanto ao `aquecimento mais significativo do que se esperava da atividade produtiva¿ são pertinentes¿, avaliou o sócio da Tendências Consultoria José Márcio Camargo.
Por outro lado, industriais e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, argumentaram que o aumento da produção de máquinas e equipamentos, os chamados bens de capital, que cresceram 17,4% em junho ante mesmo mês de 2006, indicam aumento do investimento, o que é favorável para inflação baixa. ¿Há aumento de oferta e cai, portanto, o mito de que o crescimento eleva a inflação¿, disse o ministro.
O crescimento dos bens de capital no primeiro semestre foi de dois dígitos para máquinas e equipamentos em todos os seus setores de aplicação: para indústria (20,8%); agricultura (31,0%); energia (15,9%); construção (13,4%); transporte (12,2%) e uso misto (15,8%).