Título: Expansão do setor muda de patamar
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2007, Economia, p. B3

Para Iedi, crescimento da produção está passando de 4% para 5% ao ano

Os números de bens de capital, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o País vive a política mais antiinflacionária que existe, com produção equilibrada com a demanda. Essa é a avaliação do economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Edgard Pereira.

A produção de bens de capital, um dos termômetros do investimento em produção, cresceu em junho 17,4% ante o mesmo mês de 2006 e foi responsável por 1,11 ponto porcentual da alta de 4,8% na produção industrial do primeiro semestre sobre igual período do ano passado. ¿De forma geral, o dado do IBGE veio bem, mostra aceleração da indústria e fornece uma perspectiva positiva para o segundo semestre¿, disse o economista.

Pereira destaca, ainda, que os dados de junho mostram que a indústria está passando do patamar de 4% de crescimento para 5% no ano. Outro destaque do Iedi é o fato de o crescimento da produção estar se difundindo para outras categorias da indústria, como os semiduráveis e os duráveis. ¿Isso dá uma perspectiva de crescimento mais amplo¿, finalizou.

A expansão da produção industrial em junho surpreendeu o mercado por ter vindo acima até mesmo da mais otimista das previsões. Na margem, com ajustes sazonais, sobre maio, a atividade fabril cresceu 1,20%. No mercado, as estimativas iam de -0,40% a 1,07%. No confronto interanual, a expansão foi de 6,60% ante projeções de 4,20% a 6,20%.

Mas o que tornou o índice mais positivo do que os números em si foi a difusão da alta para todos os segmentos que compõem a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de junho. A avaliação é da economista Caroline Silveira, da Unibanco Asset Management (UAM). Ela fez esta ressalva dado que por muito tempo a expansão da atividade fabril vinha se concentrando sobre o setor de bens de capital. Cálculo feito pelo economista-chefe do M. Safra, Marcelo Fonseca, mostra que o Índice de Difusão da indústria em junho bateu em 68%, o mais alto desde o início do ciclo de alta da produção industrial em 2004.

Segundo Caroline, a produção industrial divulgada ontem reforça a previsão de uma redução de 0,25 ponto porcentual da Selic no Copom do próximo mês. Nas duas últimas reuniões, a taxa básica de juro da economia foi reduzida em 0,50 ponto porcentual para o atual patamar de 11,50% ao ano.