Título: Unipar pode se juntar à Petrobrás
Autor: Brito, Agnaldo e Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2007, Economia, p. B9

Estatal confirmou que um novo sócio deverá entrar na Suzano, mas não revelou o nome da empresa

A compra da Suzano Petroquímica pela Petrobrás deverá ter um desdobramento de peso. Segundo fontes ligadas às empresas, executivos da Petrobrás se reuniram ontem com diretores da Unipar em São Paulo. O objetivo era vender parte das ações da Suzano para a Unipar. Mas as negociações esbarravam na resistência da Unipar em se tornar sócia minoritária da Petrobrás.

O próprio presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, admitiu em entrevista ontem à tarde, que o objetivo da estatal é reformular o pólo petroquímico do Sudeste - que conta com grande participação da Suzano e da Unipar - e que poderia atrair novos sócios para suas investidas.

¿Estamos viabilizando a associação da Petrobrás com empresas privadas e expandindo a capacidade de investimento privado¿, disse Gabrielli. ¿A Petrobrás não necessariamente quer ser a empresa dominante no setor¿, finalizou Gabrielli, que nega estar comandando a reestatização do setor.

Por trás da compra da Suzano, está a reestruturação das centrais de matérias-primas Riopol (Rio de Janeiro) e Petroquímica União (PQU, em Mauá, São Paulo), além da viabilização do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Hoje, a Suzano e a Unipar dividem o controle do Riopol e da PQU com a Petrobrás e estavam entre os candidatos mais fortes a participar do Comperj. Há tempos, as empresas negociam para ver quem vai liderar as atuais centrais e o futuro complexo. A Petrobrás decidiu tomar a frente do processo.

Segundo fontes ligadas às empresas, haveria até um acordo em que Suzano e Unipar se comprometiam a não fazer uma oferta pelos ativos da outra na Riopol, o que estaria dificultando a consolidação no setor. Segundo o analista Nelson Rodrigues de Matos, do Banco do Brasil Investimentos, a cláusula justificaria a decisão da Petrobrás de comprar a Suzano sozinha para, posteriormente chamar a Unipar como parceira. ¿Seria um drible no acordo de acionistas e uma forma de a Petrobrás assumir de uma vez o controle da Riopol¿, avaliou.

Outra razão para fechar negócio seria viabilizar a construção do Comperj, um projeto de US$ 8 bilhões. Como Suzano e Unipar não tinham fôlego - e talvez interesse - em tocar o processo adiante, a Petrobrás elimina uma barreira ao tirar um dos candidatos. ¿Não tenho dúvida que esse passo da Petrobrás sobre a Suzano Petroquímica tem também como objetivo a pavimentação dos acordos necessários para viabilizar o Comperj¿, diz uma fonte do setor.