Título: Desemprego cresce nos EUA
Autor: Fernandes, Nalu
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2007, Economia, p. B14

Para analistas, mercado de trabalho começa a reagir à desaceleração econômica e deve alertar o Fed

O desemprego começa a reagir ao ritmo de crescimento econômico dos Estados Unidos, dizem analistas em Nova York. Segundo dados oficiais divulgados ontem, o índice de desemprego subiu para 4,6% em julho. Nesse mês, foram abertas 92 mil vagas.

Segundo o analista Jean-Marc Lucas, do Banco BNP Paribas, com isso, a média de vagas abertas em seis meses recuou para 132 mil, o menor nível desde fevereiro de 2004, ante média de 144 mil em junho.

Para os analistas, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deverá mencionar essa ocorrência no mercado de trabalho na ata da próxima reunião que vai definir os juros no país, na terça-feira. Também deverá trazer observações renovadas sobre a economia.

A razão é que as observações do Fed sobre o mercado de trabalho têm sempre aparecido na ata. No documento mais recente, de junho, o Fed citou que esperava ganhos no gasto dos consumidores por causa do ¿apoio do forte mercado de trabalho e sólido crescimento da renda¿.

Mas grande parte dos membros do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) do Fed julgava, em junho, que as condições favoráveis no mercado de trabalho suscitavam certa perplexidade diante do ¿crescimento econômico abaixo da tendência dos trimestres recentes¿, até por causa da crise imobiliária.

Agora, com a divulgação do aumento do desemprego, o quadro fica menos confuso, uma vez que a percepção é de que está havendo reação ao crescimento moderado da economia do país não só no primeiro trimestre deste ano, como também na maior parte de 2006.

Os analistas calculam que a taxa de desemprego leva de quatro a cinco meses para reagir ao enfraquecimento da economia. Diante do fato de o crescimento ter se desacelerado desde o segundo trimestre de 2006, o aumento do desemprego agora está ¿dentro do calendário¿, observa o diretor-gerente do Nomura Securities, David Resler. A menos que o ritmo do crescimento acelere logo, argumenta ele, a expectativa é de mais desemprego.

¿O relatório (divulgado ontem) demonstra, de forma mais tangível, o enfraquecimento na produção, no geral, que abrandou o crescimento do emprego¿, concorda o economista sênior do Citigroup para os EUA, Steven Wieting.

O Produto Interno Bruto dos EUA cresceu 0,6% no primeiro trimestre e 3,4% no segundo. O economista-chefe do Deutsche Bank, Joseph La Vorgna, prevê que o PIB está em torno de 2,2% neste trimestre e fechará 2007 em 2%. Na avaliação dele, a taxa de desemprego teria de subir para 5% para que a redução dos juros voltasse a ser levada em conta pelo Fed.