Título: Venda da Telemig desata nó
Autor: Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2007, Economia, p. B17

Para analistas, novas fusões no setor estão a caminho

O acordo de venda da Telemig e da Amazônia Celular para a Vivo ajudará a desatar o nó do setor de telecomunicações no País, segundo especialistas. Fechado antes do esperado, já que o processo poderia ser concluído até setembro, o negócio deve acelerar os próximos movimentos na área. Investidores chegam a projetar que a fusão dos grupos Oi com a Brasil Telecom poderá sair em seis meses.

¿Esse negócio pode sair logo. O governo tem todo o interesse e deverá trabalhar nesse sentido¿, disse um importante acionista de uma das maiores empresas do setor. Na avaliação do gerente-sênior de telecomunicações da PricewaterhouseCoopers, Anderson Ramires, a Lei Geral de Telecomunicações (LGT), que já está sendo revista para se ajustar às novas tecnologias, deve ser adaptada para permitir a fusão, independentemente das áreas de concessão.

Isso abriria espaço para a formação de uma empresa nacional, que vem sendo defendida pelo Ministro das Comunicações, Hélio Costa. Na avaliação do presidente da Telemig, André Mastrobuono, contudo, uma mudança na LGT não deve favorecer apenas uma eventual fusão entre a Oi e a BrT, mas permitir outras associações no mercado. Ramires concorda e antevê também a possibilidade de a TIM ser vendida.

O acordo da venda da Telemig foi fechado praticamente duas semanas depois da venda da fatia acionária da Telecom Itália (TI) no capital da Solpart, dona de 51% do capital ordinário da BrT. Ainda faltam acertos finais entre os sócios envolvidos na Telemig, já que Opportunity, Citigroup e fundos de pensão envolveram-se nos últimos anos numa série de disputas, mantém disputas judiciais que não chegaram ao fim e ainda têm contas a acertar.

Enquanto esses ajustes finais não ocorrem, crescem as expectativas quanto a uma fusão entre BrT e a Oi. Anteontem, a Telemar Participações, controladora da Oi, informou que não estão sendo mantidos entendimentos com outras empresas para possível reestruturação do setor. Ainda que as duas empresas não estejam negociando, a possibilidade é admitida por acionistas dos dois grupos e conta com a pressão do governo.

Uma nova empresa nacional poderia surgir com um parceiro estratégico internacional. De acordo com um executivo do setor, a presença da Portugal Telecom (PT) ajudaria a melhorar a governança corporativa numa eventual nova empresa. Fonte ligada à PT confirma o interesse e conta que, na prática, o grupo está aguardando os próximos movimentos do setor e do governo. A mesma fonte comenta, contudo, que a existência de uma ¿golden share¿ nas mãos do governo reduz o interesse no negócio.