Título: Costa quer 'briga na América Latina'
Autor: Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2007, Economia, p. B17

Ministro diz que Brasil precisa ter uma grande empresa de telefonia para disputar o mercado latino-americano

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse ontem que a proposta de fusão entre a Brasil Telecom (BrT) e a Oi (ex-Telemar), com o objetivo de criar uma grande tele de capital nacional, visa também inserir o País na disputa pelo mercado da América Latina. ¿Somos os únicos que não estamos disputando o mercado latino-americano. Pelo contrário, nós estamos abrindo cada vez mais o nosso mercado para as empresas que vêem de fora¿, disse.

¿O governo vê favoravelmente a possibilidade de criação de uma grande empresa privada, de capital privado, que possa atender todo o território nacional e até mesmo disputar o mercado latino-americano, como acontece hoje com a Telefônica e outras empresas latinas.¿

Costa participou ontem do lançamento da rede de terceira geração (3G) da Telemig Celular, em Belo Horizonte, e citou a compra da operadora de telefonia móvel mineira pela Vivo para destacar que os grupos brasileiros não estão conseguindo competir com as empresas estrangeiras nem no mercado doméstico. ¿Ele (mercado nacional de telecomunicações) está absorvido permanentemente, diariamente, pelas empresas estrangeiras.¿

Embora tenha dito que se trata de uma boa aquisição e que a incorporação ¿irá favorecer o consumidor mineiro¿, ele enfatizou que a Telemig passa agora a ser uma empresa ¿da companhia Telefónica de Espanha e da Portugal Telecom¿. ¿Os grupos brasileiros, lamentavelmente, não se interessaram. Aí surgem os grupos estrangeiros que oferecem R$ 1,2 bilhão, com a possibilidade de levar isso a R$ 2 bilhões dentro de um ano.¿

Por isso, disse, a proposta de criação de uma grande empresa com no mínimo 51% de participação nacional é uma forma de garantir a presença de grupos brasileiros no setor. A iniciativa federal prevê que a futura tele só poderá ser vendida para outra empresa nacional.

Costa classificou como uma ¿bobagem¿ a interpretação de que a proposta do governo possa levar, na prática, a uma reestatização, com espaço para a influência política no setor por meio da golden share (ação com direitos especiais). ¿ Todo mundo sabe que não é isso. O que nós estamos propondo é que o Brasil tenha também uma grande empresa nacional de telecomunicações.¿

FORÇA-TAREFA

O ministro disse que além dos três nomes - Roberto Pinto Martins, Marcelo Bechara e Sávio Pinheiro - indicados por ele para compor a comissão interministerial que irá estudar o assunto, outros nove nomes serão apresentados pelos Ministérios da Casa Civil e Relações Exteriores e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A primeira reunião está marcada para a semana que vem.

A ¿força-tarefa¿, disse Costa, terá a missão de se encontrar com os empresários envolvidos na proposta. Ele afirmou que já obteve ¿indicação favorável¿ dos fundos de pensão (que participam do controle da Oi e da Brasil Telecom) e ¿manifestação positiva¿ do presidente do BNDES (que participa da Oi), Luciano Coutinho.

Questionado sobre a posição do grupo americano Citigroup, presente na Brasil Telecom, Costa disse que inicialmente o grupo estaria interessado em participar do ¿esforço¿. ¿Desde que ficasse mais fácil, a qualquer momento para eles, evidentemente, sair do sistema.¿