Título: Denise se contradiz em CPI
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/08/2007, Metrópole, p. C3

Ela nega lobby para transferir carga para Ribeirão.

A diretora da Anac Denise Abreu negou ontem à CPI do Apagão Aéreo da Câmara que tenha tentado beneficiar o empresário Carlos Ernesto Campos, dono da Terminais Aduaneiros do Brasil (Tead), na transferência de aviões com carga dos Aeroportos de Guarulhos, Congonhas e Viracopos, em Campinas, para Ribeirão Preto. 'Como eu poderia interceder se não há nem sequer terminal de cargas em Ribeirão Preto?', disse a diretora.

Apesar disso, dos cinco integrantes da diretoria da Anac, Denise foi a primeira a falar sobre a transferência de vôos para Ribeirão. Em 25 de junho, após reunião no Ministério da Defesa, ela anunciou o projeto: 'Vamos transformar o aeroporto de Ribeirão Preto em um aeroporto eminentemente cargueiro, de forma que possamos transferir alguns vôos de Guarulhos para Viracopos, e de Congonhas para Guarulhos.'

A acusação contra a diretora foi feita pelo ex-presidente da Infraero José Carlos Pereira, no início do mês. Ontem, Denise garantiu que não é amiga de Campos.

Denise disse aos deputados que sente 'magoada e, antes de tudo, injustiçada' com as suspeitas de que participou de uma estratégia de enviar à Justiça um documento sem valor legal para impedir a interdição do Aeroporto de Congonhas. Ela se comparou ao deputado Alceni Guerra (DEM-PR), acusado de corrupção quando foi ministro da Saúde, de 1990 a 92, e depois inocentado.

Pela primeira vez, Denise revelou que lutou contra um câncer, em 2002, e silenciou os deputados ao afirmar: 'Passei por esta doença com dignidade e é o maior ensinamento que a vida dá.'

BRUNO TAVARES, LUCIANA NUNES LEAL e MILTON F.DA ROCHA FILHO