Título: Defesa vai alegar falta de provas e negar mensalão
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2007, Nacional, p. A8

Um dia após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), as assessorias jurídicas dos principais réus começaram a traçar suas estratégias. Em geral, os advogados apoiarão sua defesa em teses como falta de provas, inadequação das acusações ou na idéia de que seus clientes não tiveram conduta criminosa.

O advogado do ex-ministro José Dirceu, José Luís Oliveira Lima, promete apresentar documentos que demonstrem a inexistência de provas de formação de quadrilha e corrupção ativa. Ontem, ele se reuniu com Dirceu para acertar detalhes. ¿Utilizaremos documentos com decisões formais que favoreçam a nossa tese, de que não há provas contra o ministro José Dirceu¿, afirmou.

A defesa do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, liderada pelo advogado Arnaldo Malheiros Filho, tentará derrubar a tese de que houve um esquema de compra de votos. A tendência, segundo ele, é de que seja comprovada apenas uma aliança entre partidos, com apoio financeiro a campanhas.

Malheiros alega que os pagamentos do mensalão não interferiram na disposição dos partidos de votar contra ou a favor do governo no Congresso. ¿Não há prova da compra de votos. Não se trata de fragilidade de provas, é que elas não se aplicam à acusação em questão.¿

O advogado do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, Gustavo Badaró, tentará convencer o STF de que seu cliente não teve participação nas decisões que resultaram no mensalão. ¿Ele não participou de nenhuma tomada de decisão, muito menos decidiu sozinho a realização dessas alianças e o eventual pagamento de dinheiro. Nem teve responsabilidade por nenhuma forma de captação de dinheiro ilegítimo¿, disse.

Encarregado da defesa do deputado José Genoino, o advogado Luiz Fernando Pacheco vai dizer que seu cliente exercia funções meramente políticas na presidência do PT. ¿Isso está bastante desenhado pois o próprio Delúbio assume essas responsabilidades e isenta Genoino de participação na vida financeira do partido.¿

Luiz Francisco Barbosa, advogado do ex-deputado Roberto Jefferson, disse que vai seguir a linha adotada até agora. ¿A tese central é de que a conduta dele não foi criminosa.¿ Mas admitiu que, depois das declarações de Jefferson, a defesa pode discutir se há relação entre o presidente Lula e o mensalão.

O advogado da ex-assessora do deputado Paulo Rocha (PT-PA), Anita Leocádia, manterá o argumento de que sua cliente só cumpriu ordens e ¿não cometeu nenhum crime.¿