Título: Solteiro que vive só compra mais alimento
Autor: Brandão Junior, Nilson e Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2007, Economia, p. B10

Por ano, volume por pessoa chega a ser 250 quilos maior do que o de mulheres sem cônjuges e com filhos.

Os brasileiros que moram sozinhos compram em um ano 560,68 quilos de comida cada um, mais de 250 quilos acima do que as mulheres sem cônjuge e com filhos adquirem por pessoa da família, cuja média é de 309,4 quilos. Os solteiros que têm uma residência só para eles compram muito mais alimento também que a média dos casais com filhos, de 324,53 quilos.

Veja íntegra da pesquisa

A quantidade adquirida pelos que moram sozinhos fica em mais de 1,5 quilo por dia e é bem maior do que a quantidade considerada 'sempre suficiente' pela avaliação dos entrevistados na média da pesquisa, que foi de 378,32 quilos por ano por pessoa - ou um quilo por dia.

Os dados constam do estudo Perfil das Despesas no Brasil divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), baseado na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2002 e 2003 e se referem ao ano de 2003.

'As famílias com filhos conseguem ter mais racionalidade na compra de alimentos', disse o gerente da POF do IBGE, Edílson Nascimento Silva. Isso se deve em parte pelo fato de que é mais comum os alimentos serem vendidos em quantidades superiores às mais convenientes para o consumo de uma só pessoa, e geralmente é mais barato comprar em maior quantidade. Na prática, os dados indicam desperdício de comida.

Nas médias nacionais, a compra por mulheres com filhos e sem cônjuge foi inferior à quantidade 'sempre suficiente' e mais próxima, embora acima, da apontada como 'às vezes insuficiente', de 301,7 quilos. Esse tipo de família teve destaques negativos em relação à média nacional na aquisição de cereais e leguminosas (-15,1%), farinhas, féculas e massas (-19,7%) e carnes (-13,2%).

As mulheres sem cônjuge e com filhos nas áreas rurais adquirem comida em quantidade inferior à média considerada 'às vezes insuficiente' por habitantes das mesmas áreas. Em 2003, a aquisição média por esse tipo de família foi de 327,59 quilos, menor do que a quantidade considerada 'às vezes insuficiente' para as mesmas áreas, de 346,64 quilos.

As pessoas nas áreas rurais informaram necessidade de comer mais que as das cidades. A quantidade que consideram 'sempre suficiente' é de 474,27 quilos, 30,5% superior à apontada pelas que vivem nas cidades, de 363,43 quilos.

Segundo o IBGE, isso acontece por diferentes tipos de vida nas duas situações, como a maior atividade física nos trabalhos tipicamente rurais; a produção própria de alimentos na área rural e a menor quantidade de restaurantes no interior.

As pessoas que moram sozinhas nas áreas rurais adquiriram 90,1% mais carne que as das cidades. 'A pesquisa é pela compra, não pelo consumo. A pessoa pode morar sozinha e fazer um churrasco para os amigos', disse o gerente da POF.