Título: 'Legítima defesa com 12 tiros?', critica mãe de vítima
Autor: Rigi, Camilla
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2007, Metrópole, p. C1

Depois de três horas e meia de sessão, os parentes de Diego Modanez e Felipe Siqueira Cunha de Souza foram encaminhados ao 8º andar do prédio do Ministério Público do Estado, no centro, para saber o resultado do julgamento do promotor Thales Ferri Schoedl. Desolados, desceram minutos depois para falar com a imprensa. Alguns deles choravam.

'Eles alegam legítima defesa com 12 tiros? Isso não existe. Para o MP vale tudo, pena que não vim com nariz de palhaço', disse Sônia Mendes Modanez, a mãe de Diego, que foi assassinado pelo promotor. O marido, Fabio Modanez, questionava qual lei foi aplicada pelo MP. 'Vou falar o quê? Estão colocando a arma de volta na mão dele para tirar a vida de outros filhos. É um absurdo.' Ele pediu ao Tribunal de Justiça rigor na análise do caso.

Antes do início do julgamento, a mãe de Diego ainda acreditava em Justiça. 'Estou com confiança de que hoje a gente expulsa ele definitivamente. Não agüento mais essa angústia', disse, às 13h30. O pai afirmava que só no júri popular as circunstâncias do assassinato ficariam claras. 'Eu acredito que a verdade vai aparecer.'

Para Pedro Lazarini, advogado da família das vítimas, a preocupação é 'com o afastamento da qualificadora na denúncia aceita pelo TJ'. A qualificadora é uma circunstância que causa o aumento da pena. No caso de Schoedl, a acusação é de que o crime teve motivo torpe. 'Eles sabem que lá (TJ) a tese da legítima defesa será acolhida. Já foi feito um pré-exame de mérito e alguns desembargadores se manifestaram a favor dessa tese.'

Na batalha contra o foro privilegiado, as famílias recorreram à OEA, mas qualquer manifestação do órgão tem caráter mais simbólico que efetivo. A Comissão de Direitos Humanos pode recomendar o fim do foro privilegiado e a revisão do processo até que as famílias sejam indenizadas.