Título: Indústria da cidade teme ficar sem soja
Autor: Brito, Agnaldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2007, Economia, p. B8
Complexo industrial demanda 3,5 mil toneladas do grão por dia.
Os limites de área impostos à cultura de cana-de-açúcar pelo município de Rio Verde não deverão ser suficientes para frear a redução da produção de grãos do sudoeste de Goiás. Principal organização dos agricultores da região, a Cooperativa Agroindustrial dos Produtores do Sudoeste Goiano (Comigo) já decidiu que vai ampliar a influência geográfica e tentar atrair novos produtores para assegurar o volume de soja e milho que processa.
Álvaro Martim Henkes, vice-presidente de Operações da Comigo, explica que aguarda a acomodação do plantio de cana na região para conhecer exatamente qual a área que será tomada pela cultura.
Em Rio Verde, há, por enquanto, uma única usina de álcool. É uma unidade antiga, que produzia cachaça e iniciou nesta safra a produção de álcool combustível. A produção de cana para a usina ocupava 6 mil hectares em Rio Verde, mas o plano já em curso prevê a expansão para 20 mil hectares.
O Grupo Cosan, maior indústria de processamento de cana do País, tem planos para montar três unidades na região Sudoeste de Goiás. ¿Ainda não sabemos qual será a área tomada pela cana. Só com a definição das usinas vai ser possível saber qual a área que vamos precisar¿, explica Henkes.
A meta da Comigo é conseguir manter o recebimento de pelo menos 3,5 mil toneladas de soja por dia. Essa é a capacidade de esmagamento do complexo industrial. A Comigo tem ainda uma estrutura de armazenagem de 720 mil toneladas de soja por ano. De milho, a Comigo recebe por ano 228 mil toneladas. Boa parte desse volume é usada para abastecer a estrutura de produção de frangos existente na região.
Para o vice-presidente da Comigo, a iniciativa da prefeitura de Rio Verde de impor limites à cultura da cana na região deveria ser seguida por outras cidades do Sudoeste goiano. Para ele, a cana é potencialmente uma ameaça, à medida que concorrerá com uma estrutura montada, que necessita dos produtores para continuar a existir. A.B.