Título: Dez anos após morte de Diana, Windsors recuperam prestígio
Autor: Emling, Shelley
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2007, Internacional, p. A21

Vista como vilã logo depois do acidente, família real britânica aproxima-se do público e melhora sua imagem.

Shelley Emling , Cox News Service, Londres.

Nos dias que se seguiram à morte da princesa Diana, há exatos dez anos, os membros da família real britânica foram vistos como um grupo de vilões. Para começar, os Windsors recusaram-se a quebrar o protocolo e hastear a bandeira a meio pau no Palácio de Buckingham. E o desdém público aumentou quando a rainha Elizabeth II não quis, ou foi incapaz, de confortar a nação enlutada.

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Que diferença uma década pode fazer. Numa extraordinária inversão de papéis, hoje a população britânica questiona o sentimentalismo de dez anos atrás e, ao mesmo tempo, mantém um relacionamento mais caloroso com a família real. Para muitos especialistas, os Windsors ficaram, ironicamente, mais 'parecidos com Diana'.

'A morte de Diana foi um divisor de águas e ajudou a família real a perceber a importância de ser acessível', disse Allyson Stewart-Allen, que dirige a empresa de consultoria e relações públicas International Marketing Partners. 'Eles compreenderam que não vivem numa bolha e seu sucesso e longevidade dependem da aceitação da população.'

Diana morreu em 31 de agosto de 1997, aos 36 anos, num acidente de carro em Paris, juntamente com seu namorado, Dodi al-Fayed. O status de celebridade internacional, combinado com a longa e trágica história do seu fracassado casamento com o príncipe Charles, produziu uma extraordinária efusão de pesares por parte de seus admiradores em todo o mundo.

Em compensação, para os britânicos, os Windsors eram pessoas 'distantes, intocáveis, perdulárias, insinceras, sem compreensão, que davam pouco valor ao dinheiro', segundo pesquisa encomendada pela família real meses depois da morte de Diana - a primeira do gênero pedida pela realeza.

A reação pública à tragédia e à família real apressou o processo de renovação de imagem. Não demorou muito para a rainha visitar um McDonald's e sua assessoria financeira - em nome da transparência - marcar reuniões com repórteres para explicar como a família real gastava seu considerável orçamento anual. Charles, principal alvo da hostilidade pública, começou a falar abertamente sobre seu trabalho filantrópico em 18 instituições de caridade bastante respeitadas. Resultado: a 'instabilidade institucional' de dez anos atrás desapareceu. E também grande parte da hostilidade.

O 80º aniversário da rainha, em 2006, foi comemorado efusivamente, enquanto os filhos de Diana, William e Harry, encantaram o país do mesmo modo que sua mãe.

A fascinação pelas celebridades levou alguns a perguntar se a dor coletiva pela morte de Diana não teria sido apenas algo passageiro. As doações para o memorial de Diana caíram de US$ 49,4 milhões, no primeiro ano após sua morte, para apenas US$ 549 mil em 2006, segundo o Guardian. As visitas ao túmulo da princesa, que chegaram a 150 mil em 1998, caíram para menos da metade.