Título: Apesar da turbulência, confiança da indústria é recorde desde 1995
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2007, Economia, p. B1

Metade das 1.095 empresas consultadas por sondagem da FGV prevê produzir e contratar mais até o fim do ano.

A confiança da indústria de transformação é recorde em agosto, apesar da crise financeira internacional. Neste mês, o Índice de Confiança da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) atingiu 121,8 pontos, a maior marca da série iniciada em abril de 1995. Em julho, o indicador chegou a 121,7 pontos.

Mesmo com as turbulências, a indústria continua aquecida, com perspectivas favoráveis para produção, vendas e contratações para este Natal. Metade das 1.095 indústrias consultadas neste mês pela Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da FGV prevê alta da produção nos próximos três meses, ante 4% que acreditam em redução.

Em agosto de 2006, 39% delas apostavam no aumento da produção para o fim ano e 13%, na queda. Em 12 meses até agosto, o indicador da produção prevista é 15,9% maior. É mais que o dobro da taxa acumulada em 12 meses até julho (7,4%).

'Não captamos influência da crise financeira nas expectativas de produção da indústria de transformação', diz o coordenador da sondagem, Aloisio Campelo. Ele reforça a afirmação com o dado do emprego, um bom sinalizador das expectativas dos empresários. Neste mês, 34% das indústrias informaram que vão ampliar as contratações até novembro e só 6% disseram que pretendem demitir. Em agosto de 2006, os indicadores eram 30% e 13%, respectivamente.

Por conta desses bons indicadores, outro índice, o de expectativas da indústria de transformação, atingiu neste mês 120,3 pontos, praticamente o mesmo nível de julho (120 pontos) e também a maior marca da série histórica iniciada em abril de 1995. Em relação a agosto de 2006, a alta é de 11,9%.

Além da sinalização favorável para os próximos três meses, a indústria manteve o ritmo de produção em alta em julho e agosto, puxado especialmente pela demanda doméstica. Neste mês, 33% das empresas informaram que a situação atual é boa, a mesma marca de julho. Em agosto de 2006, foram 21% das companhias. De acordo com a sondagem, 26% das indústrias informaram que o nível de demanda está forte, ante 27% em julho e 11% em agosto de 2006.

Outro dado relevante é o do uso da capacidade instalada, que atingiu 85,7% em agosto, o maior nível desde abril de 1995 (85,9%). Em julho, a indústria de transformação ocupava 85,2% da sua capacidade e em agosto do ano passado, 83,6%.

Campelo observa que outro dado relevante para avaliar o aquecimento da indústria é o nível de estoques. Entre agosto de 2006 e agosto de 2007, a parcela de empresas que avalia como insuficiente o nível dos estoques aumentou de 4% para 7% e a proporção das que consideram excessivos caiu de 12% para 6%. É a primeira vez desde abril de 1995 que a proporção de empresas com estoques insuficientes supera a com estoques excessivos.

A combinação de redução dos estoques com elevado uso da capacidade instalada faz acender o sinal de alerta para alguns segmentos, diz Campelo. 'Quatro dos 21 segmentos da indústria avaliados têm risco de gargalo na produção', diz ele. Entre esses segmentos, aponta o de materiais de transporte, que englobam a cadeia automobilística; indústria mecânica; metalurgia e alimentos.