Título: Governo libera R$ 2 bi contra crise na Saúde
Autor: Sant¿Anna, Emilio e Pompeu, Carmen
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/08/2007, Vida&, p. A20

Decisão emergencial foi tomada em reunião ocorrida na sexta-feira entre os ministros Guido Mantega, da Fazenda, e José Gomes Temporão

O governo federal anunciou ontem a liberação de R$ 2 bilhões para serem empregados na área da Saúde. A determinação foi dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a reunião de coordenação política do governo, atendendo a um pedido do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Desse valor, R$ 1,2 bilhão devem ser aplicados na solução da crise no Nordeste. O restante será vinculado a emendas parlamentares e à compra de remédios.

Na sexta-feira, os ministros da Saúde, José Gomes Temporão, e da Fazenda, Guido Mantega, já haviam se reunido, em Brasília, para debater a crise e a possibilidade de liberação de verbas. Ontem também o ministro Temporão liberou R$ 133,8 milhões para a recomposição do teto de procedimentos de média e alta complexidade para quatro Estados do Nordeste: Ceará, Pernambuco, Alagoas e Paraíba.

No Ceará, 35 médicos cardiologistas que atendem em quatro hospitais particulares conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), em greve há um mês e meio, decidiram ontem voltar a atender apenas os casos de urgência e emergência.

Eles resolveram ceder ao apelo dos gestores de Saúde do Estado e cumprir o acordo feito na semana passada com o Ministério Público do Ceará. Já as cirurgias eletivas - marcadas previamente - continuam suspensas nas quatro unidades conveniadas: Prontocardio, São Raimundo, Antônio Prudente e Hospital Batista.

Os cardiologistas reclamam do valor das cirurgias pago pelo SUS. Segundo eles, a tabela de preços está defasada há oito anos. Algumas cirurgias não passam de R$ 80. O médico Haroldo Brasil diz que uma outra queixa se refere à mudança na forma de pagamento. Antes, o repasse era feito diretamente do SUS aos médicos por meio de cooperativa. Agora, ocorre de forma indireta, o que implica em demora ainda maior para o dinheiro cair na conta dos profissionais. Aos grevistas, foi pedido um prazo de 30 dias para que seja resolvido o impasse com o SUS. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado, uma nova reunião de negociação está marcada para daqui a uma semana.

A preocupação maior é com as condições no Hospital de Messejana, referência em doenças cardíacas no Ceará. Com a greve, 50 cirurgias deixaram de ser realizadas diariamente no Estado e a situação da unidade, que já era de superlotação, piorou ainda mais.

Ontem, cerca de 40 pessoas estavam sendo atendidas no corredor. Algumas pernoitaram em cadeiras à espera de atendimento. Cerca de 80 pacientes aguardavam na fila por cirurgia.