Título: Advogados querem sentenças antes de 2010
Autor: Lopes, Eugênia [et al.]
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/08/2007, Nacional, p. A8

Eles insistem na inocência de seus clientes; boa parte dos réus políticos pretende se candidatar e gostaria de estar livre de processo na campanha

Transformados em réus no processo do mensalão, parlamentares governistas e petistas agora querem pressa. A ordem para seus advogados é não fazer manobras que atrasem o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). De olho nas eleições de 2010, boa parte espera poder se candidatar sem a pecha de estar respondendo a processo.

José Luis de Oliveira e Lima, advogado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, pediu pressa e insistiu em sua inocência. ¿O julgamento para recebimento da denúncia foi técnico. É inegável que não estou satisfeito. Não esperávamos que a denúncia fosse recebida¿, admitiu, em Brasília. ¿Acho que com um julgamento mais amplo e complexo será provada sua inocência.¿

Arnaldo Malheiros, advogado do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, também promete não atrasar a ação. ¿Não há esperanças de que os crimes vão prescrever. Portanto quanto mais depressa andar, melhor¿, disse. ¿Os réus políticos acham que quanto mais depressa a ação penal andar, melhor¿, resumiu Luiz Fernando Pacheco, advogado do deputado José Genoino (PT-SP). ¿Não é o caso de buscar enrolar para que os crimes prescrevam¿, disse Gustavo Badaró, que defende o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira.

Tales Castelo Branco, advogado do publicitário Duda Mendonça e de sua sócia Zilmar Fernandes, vai nessa linha. ¿Tenho interesse em que o processo seja célere, seja rápido e esse sofrimento termine logo¿, disse. ¿Não houve ocorrência de crimes porque os dois receberam dinheiro fruto de trabalho honesto. Eles não sabiam que o dinheiro tinha origem ilícita.¿

Advogado da diretoria do Banco Rural, o ex-ministro José Carlos Dias também espera que o processo ande depressa. ¿O Banco Rural tem de trabalhar com o nome o mais limpo possível. Por isso quer um julgamento rápido¿, explicou.

A advogada do ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP), Roberta Rangel, lamentou a decisão do STF . ¿Não havia provas contra ele. Foi uma participação exclusiva do assessor¿, afirmou. Em situação inversa, Luis Maximiliano Telesca, que defende a ex-assessora do deputado Paulo Rocha (PT-SP) Anita Leocádia, disse que a responsabilidade deveria ser imputada ao parlamentar. ¿Ela apenas cumpriu uma ordem.¿

Defensor do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), Alberto Toron disse que sua estratégia não muda: ¿Vamos seguir a linha que vem desde a Comissão de Ética, reafirmar nossas teses e provar a inocência com testemunhas.¿ Antônio Sérgio de Moraes Pitombo, advogado de Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg, sócios da Bônus-Banval, acha que seus clientes foram prejudicados. ¿Nossa defesa se apoiará em provas técnicas, que são suficientes.¿

Em Belo Horizonte, o advogado Castelar Guimarães se disse confiante. Ele defende o ex-deputado Romeu Queiroz (PTB), o publicitário Cristiano Paz, o ex-ministro Anderson Adauto e o ex-assessor José Luiz Alves. ¿O Supremo agora fez avaliação apenas sobre os requisitos para o recebimento da denúncia. Na fase de instrução vamos poder confrontar os argumentos do Ministério Público com as provas que já produzimos.¿

Paulo Sérgio Abreu e Silva, que defende Rogério Tolentino, sócio de Marcos Valério, e a ex-funcionária da SMPB Geiza Dias dos Santos, disse que vai entrar com recurso contra o indiciamento dos dois e argumentou que Geiza só cumpria ordens. ¿Com todo o respeito, acho que o relator não compreendeu a posição dela. Geiza era do terceiro escalão da SMPB.¿