Título: Denúncia do MP liga juízes ao dono da Petroforte
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/08/2007, Economia, p. B12

O Ministério Público (MP) de São Paulo encontrou novos documentos do caso Petroforte que indicam a ligação do dono do grupo, Ari Natalino da Silva, com desembargadores. Ari Natalino, preso no dia 20 em São Paulo, e mais 66 pessoas são acusados de desviar R$ 600 milhões, dos quais pelo menos R$ 30 milhões teriam sido enviados para paraísos fiscais. Eles foram denunciados pelo MP por 12 crimes, como falência fraudulenta, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, sonegação fiscal e falsificação de documentos.

À Rádio CBN, o promotor responsável pelo caso, Arthur Migliari Junior, confirmou ontem os indícios de que Ari Natalino tinha ajuda de desembargadores para comandar os esquemas de fraude. 'Esse processo está sendo uma caixa surpresas. Um dos documentos que achamos diz: 'doutor fulano, estou preocupado com a ação número tal e é melhor irmos conversar novamente e pessoalmente com o desembargador'. Além disso, encontramos outros documentos que provam uma íntima relação do Ari Natalino e outras pessoas do poder.'

A Petroforte, que foi uma das principais redes de distribuição e venda de combustíveis do Brasil, deu origem a mais de 200 empresas em menos de 10 anos e era 'uma das maiores organizações criminosas que se tem notícia na história deste País', segundo o promotor.

INTERVENÇÃO

Ontem, uma das empresas do grupo a Sobar Álcool e Derivados, em Espírito Santo do Turvo, no oeste do Estado, passou para a massa falida da Petroforte. Na denúncia do MP, a empresa aparece como devedora e Ari Natalino e outra acusada, como avalistas de uma operação em que o grupo receberia do Banco Rural R$ 12 milhões, referentes a uma cédula de crédito bancária que jamais seria paga.

'Houve uma triangulação com o Banco Rural e outras empresas para que os bens da empresa Petroforte fossem desviados e o Banco Rural ficasse na posse desses bens, o que é muito suspeito e ilegal', afirmou o promotor à rádio. 'É uma fraude para esvaziar o patrimônio da empresa.'

A Justiça já apreendeu R$ 2 milhões em bens do grupo, mas, segundo o promotor, ainda falta muita coisa, como 800 veículos. Quando foi detido, Ari Natalino disse que 'reverteria tudo em Brasília'. Ele tinha ligação com o deputado cassado Pedro Correa, um dos réus do caso Mensalão. Ari Natalino envolveu a família no esquema. Faziam parte do bando sua mulher, Débora Aparecida Gonçalves, seu filho, Herick da Silva, e o sobrinho, Peter Pessuto.