Título: Norma sobre reverso não tinha validade, afirma coronel
Autor: Monteiro, Tânia e Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/08/2007, Metrópole, p. C8

O superintendente de Segurança Operacional da Anac, coronel-aviador Tarcísio dos Santos, afirmou ontem que a Instrução Suplementar (IS) publicada no dia 31 de janeiro no site da agência, da maneira como estava redigida, não poderia ser considerada uma norma aeronáutica, pois faltava clareza em alguns pontos. O coronel disse não saber o motivo para a divulgação na internet. O oficial informou que mesmo a versão preliminar admitia o pouso em pista molhada com um dos reversos travados.

Reversos são freios localizados na turbina do avião. O Airbus da TAM que se acidentou no dia 17 de julho, matando 199 pessoas, tentou pousar na pista principal de Congonhas com um dos reversos travados. O coronel desmentiu o gerente de Padrões de Avaliação de Aeronaves, comandante Gilberto Schittini, seu subordinado.

Em entrevista ao Estado, Schittini, responsável pela elaboração da IS, disse que, quando o documento foi divulgado no site da Anac, acreditou que estivesse em vigor e que ficou surpreso ao ser informado, há duas semanas, que não tinha validade. Schittini disse que a IS não permitia o pouso com reverso travado em pista molhada.

O coronel disse não saber os motivos que levaram a Anac a anexar o estudo entre os documentos encaminhados à Justiça para a liberação da pista principal de Congonhas. ¿É uma questão muito delicada, que está sendo investigada. A minha superintendência nunca enviou esse estudo protocolado para que fosse encaminhado à Justiça.¿ Ele disse ter sabido pela CPI que a IS foi divulgada no site da Anac em 31 de janeiro e que, em 22 de fevereiro, foi enviada à Justiça.

DENISE ABREU

A Assessoria de Imprensa da ex-diretora da Anac Denise Abreu rebateu ontem as declarações de Schittini. Em nota, a assessoria de Denise argumentou que, para ser aprovada, a norma teria de receber o aval da Superintendência de Segurança Operacional da Anac, o que não ocorreu. Alega que se tratava de um documento preparatório do processo de reforma de Congonhas, não um estudo ou norma técnica.