Título: STF abre ação contra Gushiken, Valério e mais 17 por mensalão
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2007, Nacional, p. A4

Acusação foi acatada por votos da maioria Quatro dirigentes do Rural também vão responder a processo Divisão no Supremo ficou evidente no julgamento Dirceu e antiga cúpula petista se livram de denúncia por peculato Eros Grau, citado em conversas de colegas, acusa imprensa de `linchamentos¿ Banco do esquema amarga prejuízos

No terceiro dia de julgamento, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu processo contra 19 acusados no caso do mensalão, abrangendo o braço publicitário do esquema. Por votos da maioria, a corte acatou ontem denúncia do Ministério Público contra o ex-ministro de Comunicação Luiz Gushiken, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), o grupo do empresário Marcos Valério e quatro dirigentes do Banco Rural.

Ficou evidente a divisão. De um lado, o relator Joaquim Barbosa e Cezar Peluso, da linha do ¿carimbo¿ - favoráveis à abertura de ação penal diante de qualquer indício de crime. Gilmar Mendes, Eros Grau e Ricardo Lewandowski discordaram, mas venceu a primeira tese. Em alguns casos, o debate foi além da abertura de ação - ministros deram pistas de como julgarão o mérito, quando vão condenar ou absolver.

Para o deputado cassado José Dirceu e a antiga cúpula do PT, foi dia de comemorar. O relator livrou Dirceu da acusação de peculato e, por 10 votos a 0, ele foi absolvido. A decisão beneficiou o deputado José Genoino (PT-SP), o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira. Restam as acusações de formação de quadrilha e corrupção.

O ministro do STF Eros Grau, que teve o nome citado em troca de mensagens de colegas, sugerindo acordo com o Planalto, voltou a reagir. Ressaltou que é independente e acusou a imprensa de fazer ¿linchamentos¿, como um tribunal no qual ¿todos são culpados até prova em contrário¿.

Antes mesmo do fim do julgamento, análise dos balanços do Banco Rural - do núcleo financeiro do mensalão - mostra que a instituição já sofre grande desgaste. Fechou 83 postos de atendimento, demitiu 1.400 funcionários e fechou 2006 com balanço negativo de R$ 76,3 milhões. O julgamento, que virou atração no mundo jurídico, continua na segunda-feira.