Título: Lula volta a atacar 'elites' e diz que 'é fácil ajudar pobres'
Autor: Fadel, Evandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2007, Nacional, p. A15

Em inauguração no Paraná, presidente critica quem fica ¿torcendo para as coisas não darem certo¿.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a área de saneamento, no Jardim Guarituba, uma antiga invasão na periferia de Piraquara, região metropolitana de Curitiba, para voltar a atacar as elites. ¿Tem no Brasil um tipo de gente que não gosta que a gente faça coisas para os pobres¿, discursou. ¿E é tão fácil ajudar os mais pobres, porque quando um rico entra no Palácio do Planalto ele quer logo crédito de R$ 1 bilhão, quando o pobre entra ele quer R$ 1 mil, R$ 500.¿

Para ele, o PAC do saneamento, que destina R$ 1,2 bilhão ao Paraná, ¿é a primeira oportunidade de levar à população mais empobrecida, à periferia mais longínqua, o direito à cidadania¿. ¿Eu sei que tem alguém que não acha legal a gente estar colocando R$ 40 bilhões para fazer saneamento básico no País¿, afirmou. ¿(O pobre) só vale um banqueiro no dia da eleição, o político é capaz de criticar o banqueiro da cidade, mas não tem coragem de ofender um mendigo que está dormindo na sarjeta. Depois das eleições, o banqueiro toma café com ele, janta, almoça e o mendigo passa quatro anos sem ser chamado para nada.¿

Ele afirmou que ¿tem gente que fica o tempo inteiro torcendo para as coisas não darem certo¿. ¿A inveja e o preconceito são duas doenças malignas que nascem na cabeça das pessoas¿, completou. ¿Vão morrer sem entender por que um metalúrgico que não tem diploma universitário é capaz de fazer mais do que eles.¿

Lula disse que, ao terminar o mandato, não vai estudar em Paris ou nos Estados Unidos. ¿Vou voltar para minha gente, que são vocês, que me ajudaram a chegar onde cheguei.¿

Getúlio Vargas, cuja morte completou 53 anos ontem, foi aclamado por Lula como o ¿mais importante presidente que este país já teve¿, por ter criado, entre outras, a Companhia Siderúrgica Nacional e a Petrobrás. ¿Tinha compromisso com o Brasil. Por pressão, foi levado a dar um tiro no coração.¿

Lula não foi hostilizado em nenhum momento. Antes do ato oficial - que reuniu cerca de 4 mil pessoas, segundo a Prefeitura de Piraquara, em um ginásio de esportes -, ele vistoriou algumas obras de saneamento e cumprimentou os populares.

No evento oficial, o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), repetiu as críticas à imprensa. ¿Como o governador, o presidente tem sido alvo dos poderosos, da mídia deletéria¿, afirmou. Logo depois, Lula disse que é menos ¿nervoso¿ que Requião e que aprendeu a ter paciência. ¿Eu não brigo com a imprensa, eles brigam comigo. Eu não brigo com eles, até porque acho que a liberdade de imprensa é um bem incomensurável para a democracia.¿