Título: Novo dirigente da Susep nega ser ligado a Jefferson
Autor: Komatsu, Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2007, Economia, p. B18

Armando Vergílio dos Santos contesta as acusações do presidente da Associação Nacional de Corretores, Luís Stefano Grigolin.

A sucessão na Superintendência de Seguros Privados (Susep) - agente regulador de um mercado que movimentou quase R$ 74 bilhões no ano passado, ou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro - acontece em meio a uma briga que foi parar na Justiça.

O novo superintendente da autarquia, Armando Vergílio dos Santos, e o presidente da Associação Nacional dos Corretores e Agentes de Seguros (Ancoras), Luís Stefano Grigolin, trocam acusações a partir de uma denúncia de que Santos teria sido indicado ao cargo pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), protagonista da crise do mensalão.

¿Não tenho ligação com o deputado (Roberto Jefferson). Todo os partidos têm grupos políticos. Minha ligação é com o Jovair Arantes (líder do PTB na Câmara)¿, afirma Santos, que pediu exoneração da Secretaria Estadual de Goiás para assumir a nova função, no dia 21. ¿Qualquer indicação para uma autarquia é política, mas isso não me desqualifica como técnico. Estou no setor de seguros há 23 anos.¿

Com 29 anos como corretor de seguros, Grigolin, mantém um site sobre o mercado segurador, o Segs, e diz ser ¿temerária¿ a nomeação de Santos. Segundo ele, o PTB já tinha influência no mercado de resseguros, lembrando da CPI dos Correios, onde o ex-deputado Roberto Jefferson teve de explicar as denúncias de que comandava um esquema de arrecadação de dinheiro para o PTB no IRB-Brasil Resseguros.

¿O que é temerário é a proximidade dele (Santos) com as seguradoras. Quando era presidente da Fenacor (federação dos corretores e corretoras de seguros), recebia um patrocínio das seguradoras¿, afirma Grigolin, estimando que a suposta verba recebida pelo ex-presidente da Fenacor seria de R$ 3 milhões por ano. Santos, por sua vez, nega que recebia recursos e contra-ataca.

¿Essa pessoa (Grigolin) é altamente desqualificada. Movi várias ações judiciais. Ele tentou me extorquir, pedindo dinheiro para um site e revista. Pus ele para fora do meu escritório¿, diz Santos, que não quis informar qual teria sido a quantia pedida. Segundo a advogada de Grigolin, Patricia Cristina Vasques de Souza, há 14 ações na Justiça movidas por Santos contra seu cliente, que teriam sido arquivadas. Santos nega e alega que foram quatro ações judiciais e teria ganho duas tutelas antecipadas.

`PÁGINA VIRADA¿

O ex-titular da Susep, Renê Garcia, antecessor de Santos, preferiu não entrar na polêmica. Segundo ele, a sua saída da superintendência é uma ¿página virada¿ e lembra que a sua indicação veio dos ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu. ¿Cumpri o que o ministro Palocci determinou, que era uma reforma microeconômica. Se esse projeto não era mais prioridade para o governo, sou descartável.¿

Entre as seguradoras, elogios para Garcia e esperança de um bom trabalho com o novo superintendente. ¿A gestão de Renê Garcia foi muito boa. Ele promoveu avanços no segmento, adotando modelos de fiscalização internacionais, e modernizou a agência. Quanto a Armando Vergílio, trata-se de um profissional do mercado, com conhecimento aprofundado de seu funcionamento, que deve manter a administração da Susep no mesmo nível¿, afirma o vice-presidente e diretor de Relações com Investidores da Porto Seguro, Mario Urbinati.

Grigolin também afirmou que Santos assumiu a presidência da Fenacor, em 2002, sem representatividade. Segundo o presidente da associação dos corretores, o placar da votação foi 13 a 12, e somente Estados sem peso no mercado segurador teriam apoiado o então presidente da federação dos corretores. Santos confirma o placar, mas diz que 96% do PIB brasileiro de seguros estava com ele: São Paulo, Rio e Minas Gerais, além de todos os Estados do Sul, entre outros.