Título: Brasil e México divergem sobre ONU
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2007, Economia, p. B6

Mexicanos continuam resistentes à idéia de o Brasil ter assento permanente no Conselho de Segurança da entidade

Cidade do México - Os discursos do presidente Felipe Calderón, do México, em favor da aproximação de seu país com o Brasil não reverteram a resistência mexicana ao possível ingresso do País no Conselho de Segurança das Nações Unidas, na condição de membro permanente. Questionado se o México poderia rever sua posição, Calderón desconversou.

Defendeu que primeiro seja discutido o modelo de reforma da Organização das Nações Unidas (ONU) e, somente em um segundo momento, seja definido quais os países tomarão parte de seus renovados organismos. Curiosamente, a pergunta da imprensa brasileira causou imediato constrangimento em ambos os presidentes durante a entrevista coletiva no Palácio Nacional. Rindo, Calderón apontou Lula, dizendo que ele deveria responder.

Ciente da posição do México, o brasileiro resolveu tomar a iniciativa de respondê-la, sob o argumento de que estava na condição de ¿anfitrião¿. A iniciativa do brasileiro apenas deu chances para o mexicano pensar na sua resposta tangencial.

¿Tenho de aceitar que temos uma divergência. A primeira decisão nas Nações Unidas é se vamos fazer a mudança ou não¿, afirmou Lula. ¿Esse é um assunto tão delicado que não fez parte das nossas conversas, por uma questão de `finesse política¿. Certamente, essa delicadeza não impedirá que venhamos a conversar¿, completou.

Para a abertura anual de sessão de trabalhos da Assembléia-Geral da ONU, em meados de setembro, o governo brasileiro articula com seus aliados do G-4 o lançamento de um processo de negociação sobre a reforma das Nações Unidas, inclusive do Conselho de Segurança.

Composto também por Brasil, Índia, Alemanha e Japão, o G-4 é um grupo de apoio recíproco para o ingresso no Conselho, como membros permanentes. Sua proposta prevê a inclusão de mais seis cadeiras permanentes - para os sócios do G-4 e mais dois países africanos -, com a condição de que não teriam o poder de veto nos dez primeiros anos.

Assim como China e Coréia do Sul resistem ao ingresso do Japão, os demais membros do G-4 enfrentam oposições em suas próprias regiões. A Itália mina a adesão da Alemanha, e o Paquistão trava a ambição da Índia. Na América Latina, o México, a Argentina e a Colômbia são os principais opositores à presença do Brasil.