Título: Unipar quer controle da Suzano
Autor: Tereza, Irany [et al.]
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2007, Negócios, p. B13

Empresa tenta exercer direito de preferência para ficar com ativos da Suzano, que está sendo negociada com a Petrobrás

A Petrobrás, que acaba de comprar a Suzano, ainda terá de vencer o obstáculo da Unipar para consolidar seus planos para a formação de um novo pólo petroquímico no Sudeste. Fontes que acompanham as negociações garantem que a Unipar tem pronto o documento para exigir o direito de preferência de compra da participação da Suzano no complexo gas químico Rio Polímeros (Riopol)- o que poderia atrapalhar os planos da Petrobrás. Se exercer este direito, a Unipar tira da Petrobrás o papel de liderança no pólo do Rio.

Pelo acordo de acionistas, o preço para o exercício da preferência independe do valor ofertado pela Petrobrás ou da cotação de mercado. Para o cálculo, as duas companhias estipulam uma arbitragem bancária. O trâmite do pedido de preferência deve seguir em paralelo às negociações com a estatal e, segundo fontes do mercado, as condições da Unipar são deter o controle, com participação entre 51% e 60% do capital, e a gestão do novo grupo petroquímico.

A Unipar também exercerá os direitos de preferência de compra da participação da Suzano na Petroquímica União (PQU) e na Petroflex, além do Riopol. Na prática, isso significa inviabilizar a compra da Suzano pela Petrobrás, mas também pode ser apenas um lance para aumentar o poder de barganha da Unipar.

A Petrobrás anunciou ontem planos para fundir Suzano e Unipar, criando uma nova petroquímica no Sudeste. A empresa, que deverá concentrar as participações da Petroquisa (braço da estatal na petroquímica) na região, vem sendo tratada como Empresa Consolidada do Sudeste. O nome, diz o diretor de abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, vai depender das negociações com os futuros sócios.

Ao anunciar a aquisição da petroquímica, a Petrobrás atropelou a tentativa, que estava em andamento, da Unipar comprar a Suzano. A Unipar contava justamente com o reforço de capital da Petrobrás, que tem participação minoritária na Riopol, ao lado do BNDES. Há cerca de três meses, a Unipar pôs à mesa um preço inicial de US$ 630 milhões pela participação da sócia. A Suzano informa, porém, que não houve proposta formal por parte da Unipar.

A Unipar esperava concluir no Sudeste um acordo em moldes semelhantes ao que a Petrobrás firmou com a Braskem ao comprar a Ipiranga, no Sul. Segundo fontes do setor, a direção da Petrobrás, ao comunicar aos executivos da Unipar que estava comprando a Suzano, chegou a parabenizá-los, dizendo que a empresa era 'a escolhida' para o pólo do Sudeste.

A Petrobrás quer concluir as negociações com a Unipar antes de assumir a Suzano, o que deve ocorrer em até 90 dias. O prazo para tramitação do direito de preferência, por sua vez, fica em torno de 60 dias.

'A Unipar é uma empresa com importantes ativos no Sudeste, que serão colocados na mesa de negociações', afirmou. As declarações vão de encontro às especulações que a Unipar, por ter ativos mais valorizados que a Suzano, pode concluir o negócio sem desembolsar recursos.

NÚMEROS

>US$ 630 milhões foi a proposta feita pela Unipar para ficar com a participação da Suzano no complexo gas químico Rio Polímeros. A Suzano, porém, nega ter recebido a proposta

>US$ 2,7 bilhões foi o valor pago pela Petrobrás para ficar com o controle da Suzano Petroquímica

>51% a 60% do capital do complexo Rio Polímeros é a participação pretendida pela Unipar, que ficaria assim com a gestão do novo grupo petroquímico