Título: Pólo de US$ 1 bi da Dow pode ir para Minas
Autor: Brito, Agnaldo e Massote, Raquel
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2007, Negócios, p. B17

Empresa apresenta projeto ao governo mineiro

O primeiro pólo alcoolquímico integrado do mundo, que usará etanol de cana-de-açúcar, custará US$ 1 bilhão, confirmou ontem a Dow Chemical e a Crystalsev. Cada uma das empresas participará com 50% do investimento. Executivos das duas empresas participaram ontem de um encontro com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves.

As empresas avaliam a instalação do pólo em Minas Gerais, possivelmente no Triângulo Mineiro, região considerada uma das novas fronteiras para a expansão da cana-de-açúcar. Os executivos dos dois grupos não chegaram a confirmar a localização do complexo alcoolquímico. Informaram que a meta é anunciar a posição exata do empreendimento em até três meses.

Segundo o presidente da Crystalsev, Rui Lacerda Ferraz, as duas empresas ainda avaliam o local de instalação da nova fábrica e estão sendo consideradas localidades nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. 'Estamos avaliando a região centro-sul e deveremos anunciar a localização em no máximo 90 dias', afirmou.

O empreendimento prevê a formação de uma canavial de 120 mil hectares e a construção de uma usina com capacidade para moagem de 8 milhões de toneladas por safra. A unidade produzirá etanol para abastecer exclusivamente as unidades de produção de eteno e polietileno, uma das principais resinas plásticas vendidas no mercado.

Pelas perspectivas dos empreendedores, a produção deverá começar em 2011. O plano é montar um complexo industrial para a produção anual de 350 mil toneladas de polietileno, que será vendido no mercado nacional.

Hoje, o polietileno produzido no Brasil é obtido de duas matérias-primas: a nafta - produzida a partir do refino do petróleo nas refinarias da Petrobrás - e o gás natural. Há no Brasil apenas uma central de matérias-primas a partir de gás natural. A Rio Polímeros (Riopol) tem capacidade para produzir 520 mil toneladas de polietileno por ano a partir do gás, e é controlada pela Petrobrás, Unipar e BNDESPar.

A decisão de investir em polietileno a partir do etanol marcou uma mudança importante nos negócios da Dow no Brasil. A empresa acabou de se desfazer de uma participação na Petroquímica União (PQU) para a Unipar. Dessa unidade, a Dow obtinha o eteno para a produção de resinas.

A perspectiva de uso de uma nova matéria-prima para a produção de eteno movimenta o setor. A Braskem certificou recentemente uma resina de polietileno proveniente de etanol. A Suzano Petroquímica, que acaba de ser vendida para a Petrobrás, também tinha projetos para aproveitamento da cana-de-açúcar como base para uma cadeia do plástico a partir de álcool.

Para a Crystalsev, empresa controlada agora pela Santelisa Vale, a associação com a Dow significou a abertura de um novo negócio, além do álcool, do açúcar e da bioeletricidade.