Título: UE impõe barreira ambiental
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/09/2007, Economia, p. B4

Não haverá acordos com países que agridam ambiente

A União Européia (UE) não aceitará acordos comerciais com países emergentes que afetem o meio ambiente ou os direitos dos trabalhadores, disse ontem o comissário de Comércio do bloco, Peter Mandelson. Ele defendeu a negociação na Organização Mundial do Comércio (OMC) e prometeu seguir nas estratégias de aproximação bilateral, mas alertou que a liberalização comercial nem sempre ocorrerá em todos os setores e em qualquer situação.

Ele deixou claro que os países podem esquecer a idéia de total liberação do setor agrícola europeu. Bruxelas ainda deixou claro que não abrirá seu mercado de serviços públicos considerados essenciais.

O comissário fez questão de ressaltar que os aspectos ambientais e trabalhistas farão parte de seus cálculos de agora em diante. 'Todo acordo comercial da Europa é submetido a uma avaliação de sustentabilidade', afirmou, apontando que nem acordos de livre comércio sobre madeira nem com países que violam leis trabalhistas serão assinados.

'A Europa está disposta a aceitar as vantagens competitivas dos países emergentes, mas não aceitaremos as práticas desleais que se somariam a essas vantagens naturais ', advertiu Mandelson.

Para ele, isso significa que a UE não vai tolerar nem a intervenção de governos para subsidiar exportações para o mercado europeu. Ele pediu respeito às leis da OMC e dos direitos de propriedade intelectual.

Em sua avaliação, para que essas regras sejam garantias, a melhor opção seria um acordo na OMC. 'Por isso, é que a Rodada Doha é tão importante ', disse. 'Doha poderia ancorar mais firmemente os países emergentes ao sistema internacional de leis do comércio', afirmou Mandelson.

'Um acordo de Doha permitiria que os países em desenvolvimento acelerassem seu crescimento e abrissem os mercados para as economias emergentes ainda mais. Essa é o melhor seguro contra uma recessão global ou a volta do protecionismo, não apenas nos Estados Unidos, mas também nas economias de renda média que estão crescendo', concluiu.